quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A Festa de Santa Maria Madalena


Por Olívia de Cássia

Há 182 anos os palmarinos celebram a sua padroeira, Santa Maria Madalena. É um ato de fé, religiosidade e devoção. Mesmo aqueles que não são católicos ou não professam a religião, reconhecem a importância do evento para União dos Palmares e região.

Além da demonstração da fé, muitos empregos são criados nessa época, movimentando a economia local. A festa cresceu, se agigantou e ocupa atualmente não só a Praça Basiliano Sarmento, como antigamente, mas grande parte do centro da cidade.

Os brinquedos, que antes ficavam armados ao lado da igreja matriz, agora são dispostos na Avenida Monsenhor Clóvis e no pátio da antiga Estação Ferroviária. A atual logística do evento lembra um pouco de como era na nossa lembrança da infância distante, mas está muito longe de ser como era.

Com o passar do tempo, o evento foi se agigantando, se adaptando às novas exigências de mercado, no que diz respeito a atrações artísticas, comércio, entre outros itens. Antigamente, a gente chegava cedo à praça, logo depois das novenas e também retornávamos cedo para casa: ficávamos no máximo até a meia noite, tal qual a Cinderela.

Os tempos mudaram os costumes e atualmente as pessoas só começam a chegar à Basiliano Sarmento quase que à meia noite e amanhecem o dia por lá. Tem shows de bandas que muitas vezes a gente mais madura não conhece e nunca ouviu falar. Dessas músicas de gosto duvidoso e muitas vezes profanas, que estão na moda hoje em dia. Não entendo isso.

Festa religiosa com música que fala de coisas tão fúteis e vamos dizer antiéticas para não dizer imorais. Em cidades como Pilar, bem pertinho da gente, só há apresentações folclóricas na festa da padroeira. A igreja não permite apresentações de bandas profanas.

A festa de Santa Maria Madalena não tem mais aquele romantismo de antes, o correio sentimental (os telegramas), que eram atração no evento e eram lidos por seu Maurino Veras e equipe. Tenho saudade daquele tempo de ingenuidade e alegria, quando a gente se confraternizava com os amigos, sem violência.

Também as músicas que eram tocadas na festa vinham do serviço de alto falantes Palmares, igualmente de Maurino Veras, pai da minha amiga de infância Rosemary Veras. As mesas da festa não eram tantas e não tinha esse viés comercial de agora, quando se coloca na praça quase 500 unidades.

Não quero dizer que o evento deveria permanecer como era antigamente, porque isso seria impossível, mas que pelo menos se preservasse um pouco da tradição, agora só lembrada nas procissões e novenário na igreja.

Naquele tempo, podíamos conversar tranquilamente com nossos amigos, parentes e conhecidos, sem precisar gritar tanto para que alguém nos ouvisse. Mas apesar de tanta mudança, a Festa de Santa Maria Madalena é a maior referência de evento religioso para o município e região e faz parte do calendário turístico-religioso do local.

Outras cidades do interior de Alagoas também celebram suas padroeiras nessa época do ano, mas festejar Santa Maria Madalena é lembrar do seu poder perante os católicos e aqueles que têm fé. É lembrar da nossa infância, adolescência e juventude, quando vivíamos nossos melhores momentos. Que Santa Maria Madalena nos proteja, proteja os palmarinos de todo o mal. Viva Santa Maria Madalena. Boa noite.

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