domingo, 7 de setembro de 2025

Dificuldades

 


Olivia de Cassia  Cerqueira



As dificuldades para os moradores da Rua da Ponte, principalmente para as donas de casa, eram muitas. Da mesma forma que não havia água encanada e nem para beber, nos anos 60, a maioria da gente da Demócrito Gracindo e das proximidades se valia das cacimbas das fazendas, para obter água limpa para beber.

Era comum a romaria de mulheres e crianças com latas d’água na cabeça, até o local e vice-versa. Quando chegavam em casa, colocavam um pano limpo na boca do pote ou de outro recipiente, para que aquela água fosse coada e pudesse ser consumida.

A Rua da Ponte chegou a ter uma fábrica de doces, próxima à casa da família de Maria Rosa. Alguns moradores do município eram empregados da fábrica, que depois veio a falir e fechou, deixando alguns trabalhadores desempregados, pois a opção de emprego na cidade já era escassa naquele tempo. O prédio ficou em ruínas, até que a enchente de 2010 levou tudo. Nos fundos da Fábrica de doces, a gente da rua também aproveitava para tirar o barro, para fazer panelas, quando a lagoa, braço do Rio Mundaú, estava seca.

Na Rua da Ponte também existia nessa época uma fábrica rústica de colchão de capim, do Sr. Francisco, um armazém de compras e vendas de cereais, de João Jonas (nosso pai, que também possuía bodega, como ele chamava); um hotel do sr. José Otacílio (Zeca), que hospedava os motoristas que chegavam à  cidade para abastecer o pequeno comércio local, quando a entrada principal de União dos Palmares acontecia naquela região e os viajantes transitavam pela ponte rústica de madeira, desativada pelas enchentes, no povoado Cabeça de Porco.

Na Rua da Ponte, além disso, havia mulheres idosas que benziam a pessoa ou algum animal doméstico, de algum mal. O bar do sr. Antônio Timóteo e o bar do Lourão; o alambique do sr. Orlando Baía, que fabricava vinagre, Cajuvita e cachaça; a oficina mecânica de Abdon Copertino, uma oficina que fabricava portão de ferro, a oficina  de Roberto Carlos, que também era ponto de parada de ônibus para Garanhuns, local de espera para Mundaú Mirim, até então distrito de Uniao   dos Palmares, como era denominada a hoje cidade Santana do Mundaú.

Todo esse aparato movimentava a economia local. A Rua da Ponte sempre foi uma das mais importantes e queridas ruas da região, pela sua importância para o desenvolvimento do município, pois o movimento de ônibus e carros que abasteciam o mercado interno era sempre por ali.

Os moradores dos sítios e dos povoados, depois que vendiam os seus produtos na feira livre, aos sábados, iam fazer as compras semanais e de mês nas mercearias do lado de baixo da cidade, na Rua da Ponte ou na Orlando Bulgarin. Alguns adolescentes de União tiveram seus primeiros empregos despachando e ajudando nas mercearias de União dos Palmares.

Maria Rosa também fazia as compras do mês em uma mercearia, no começo da Rua da Ponte; comprava fiado e pagava quando recebia das clientes. Era assim que funcionava esse tipo de comércio: a maioria na confiança de quem vendia, que anotava tudo em um caderno ou caderneta.    

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