sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Retrospectiva

 



Olívia de Cássia Cerqueira

 

Levando-se em conta que um ano de 2023 teve 52 semanas e tendo como base, em média duas quedas por semana, eu caí esse ano,104 vezes, não quebrei osso e agradeço todo dia ao meu anjo da guarda e aos seres de luz, pelo livramento.

Apenas alguns hematomas dedo fora do lugar, testa com “galo” e perda de audição (muito pouca) do ouvido esquerdo. Além desses “ganhos”, andar torto e cambaleante de bêbada (e olhe que não tomo mais nenhum golinho), que me dá saudade às vezes.

Não sito falta das besteiras que fiz na juventude, mas das chances que tive de aproveitar a vida, tendo um pouco de firmeza nas pernas. “Eu poderia ter aproveitado” muito mais, mesmo com a idade que tenho, se não fossem essas limitações que me chegam todo dia.

Mas “a vida é bela” e não quero aqui ser negativa, mas também não vou ser hipócrita. No primeiro caso, tento fazer um pouco o “jogo do contente”, para que a ansiedade e revolta não tomem conta do meu pensamento.

No segundo caso, tenho que comemorar (em pensamento) por ter enfrentado uma pandemia de Covid, tendo como base as vacinas, ficar sozinha na maioria dos dias, para mim não é sacrifício, pelo contrário.

Só lamento não ter podido viajar, e nem sei se ainda vou poder, por N motivos que não caberia aqui retratar.  Sinto falta do mar, apesar de morar perto de uma das praias mais lindas de Maceió, poluída pela ação do “progresso”.

No mais é esperar que as limitações não impeçam de fazer pequenas tarefas corriqueiras, sem depender de outrem. Continuar fazendo minas leituras, minhas cruzadas e ainda ver o mar, a Serra da Barriga e outras coisas simples da vida, como ir ao shopping e ao cinema, exposições....Feliz Ano-Novo para todos. Que seja de realizações.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Aprendendo mais

 


Olívia de Cássia Cerqueira

 

E no clima que muita gente fica nessa época do ano (festas de fim do ano), vou cumprindo minha trajetória de vida. Não importa o que digo.  As palavras, sentimentos, cores, formas são janelas da alma. Já se autoexplicam.

“Na vivência de cada um ganham intensidades, profundidades, alegrias e tristezas. Sonhar por meio das palavras nos leva a ampliarmos a visão de mundo para alcançarmos a igualdade de direitos e oportunidades”. Rosania Morales (Morroni Dirigente Regional de Ensino-SP).

Cada qual tem direito a opiniões, não importa de onde ela venha. Muitas vezes as palavras que pronunciamos não despertam atenção, mas foram ditas. Depende da visão de mundo de cada um.

Apesar de tudo eu ainda sonho com um mundo melhor, com possibilidades. Muitos sonhos que ainda tenho não costumo expressar, mas estão aqui, nas minhas ideias.

Nietzsche defendia a inexistência em vários sentidos: “para ele, o ser humano deveria abandonar as muletas metafísicas, a chamada morte dos ídolos. O filósofo se opunha aos dogmas da sociedade, principalmente ao defender que a verdade era uma ilusão.

Segundo o Google, “do ponto de vista filosófico, o ser humano é caracterizado como um ser vivo racional, capaz de ser uma unidade e uma totalidade ao mesmo tempo, enquanto matéria. Ele também consegue, através da racionalidade, distinguir coisas e elaborar conceitos”.

O ser humano ainda é capaz de construir e produzir falas e coisas positivas. Preciso acreditar nisso para que minha vivência de torne mais leve. Bom dia! 

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Espírito de Natal


Olívia de Cássia Cerqueira

 

O ano está terminando e com ele vamos encerrando um novo ciclo em nossas vidas. Então é Natal, é tempo de fazer as pazes conosco e com o próximo, de pedir perdão a quem ofendermos e de desejar boas festas para todos.

Um tempo de magia, que assim deveria ser durante todo o ano. É em dezembro, mês de celebração do nascimento de Jesus Cristo, que a gente fica mais saudosa daqueles que já não estão mais aqui de corpo presente.

Em texto que escrevi em 2012, e que resgato aqui,  nos pomos a pensar que poderíamos ter sido uma pessoa melhor, mais tolerante e amorosa e ter desfrutado momentos ainda melhores na companhia dessas pessoas queridas.

Nessa época do ano, as cidades se vestem de luzes para celebrar uma das datas mais lindas da história da humanidade. Os lares e as comunidades se enfeitam e se preparam para a ceia.  É tempo de reflexão e de união. Tempo de paz. O mundo está precisando dela para que não haja tanto ódio entre os povos.

Nessa época do ano, a gente se despoja um pouco do ceticismo e passa a ser mais emotivo, passa a ter muito mais sentimentos e emoções. Esse espírito de despojamento e de solidariedade devia acompanhar todo mundo o ano todo.

Desejos de um mundo sem violências, sem fome, sem misérias, um mundo de solidariedade entre os povos, de união e paz. Solidariedade deveria ser um sentimento que envolvesse a humanidade o ano todo. Eu ainda tenho a estranha mania de acreditar nas pessoas e na vida e avalio que poderemos ser melhores se semeamos boas sementes.

 Para cada pessoa o Natal tem um significado diferente. Para uns ele traz boas lembranças, alegrias, convivência em família; para outros traz más recordações. A época natalina e a que antecede a chegada do novo ano modificam os ares da nossa vida social, o que indica que, mesmo indiferente, toda pessoa sente os efeitos das festas de fim de ano.

Na sociedade de consumo em que vivemos as pessoas já nem se lembram do verdadeiro significado da data.  A simbologia do Natal está em cada um de nós que realiza um sonho, em cada vida construída, na solidariedade que a gente pratica e na bondade do coração.

 “Papai Noel é um símbolo capitalista e uma figura desvirtuada do Natal e a Igreja alerta os católicos para essa confusão”, disse-me em entrevista um religioso, quando eu estava no batente e fazia matérias nessa época do ano, para a Tribuna Independente.

 O padre disse ainda que muita gente anda esquecendo o principal aniversariante do Natal, que é uma das principais festas litúrgicas da fé católica.

Pontuou ainda que no Advento, é preciso que a gente questione e aprofunde a vivência da pobreza. “Não a pobreza econômica, mas principalmente aquela que leva a confiar, se abandonar e depender inteiramente de Deus e não dos bens terrenos”.

Segundo o pároco, os cristãos precisam estar atentos à realidade que os cerca. “A liturgia do Advento nos impulsiona a reviver alguns dos valores essenciais cristãos, como a alegria, a esperança, a pobreza, a conversão”.

O Espírito Santo do Natal é um espírito de sabedoria e de entendimento, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor do Senhor.

“Se nós temos o verdadeiro espírito do Natal, deveremos partilhá-lo com pobres e aflitos, e seremos julgados com justiça (Is 11,4). Se tivermos o espírito do Natal verdadeiro, estamos levando as pessoas a Cristo, que, então, dará a essas pessoas o seu coração para os pobres e sofredores”, argumenta.

Segundo o padre, o verdadeiro espírito do Natal é o Espírito Santo, “que nos leva a depender totalmente de Jesus Cristo e a fazer justiça aos pobres e oprimidos. O verdadeiro espírito do Natal é o de Jesus, Maria e José, na manjedoura de Belém e em nossos corações”, ensina. Feliz Natal para todos. Bom dia.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Quero a minha vida de antes




Olívia de Cássia Cerqueira

 

Será que você pode me ouvir sem criticar? Estou cansada de falar e poucos me ouvirem. Sabe aqueles dias que você está cansada de quase tudo?  Eu quero a minha vida de antes.

Ficar em casa 24 horas do dia deixa a gente angustiada, às vezes triste, tentando não perder o foco que a Ataxia traz. Preciso organizar minha vida. Eu falo sonhando e sonho falando coisas sem nexo. Nexo causal?

Cansada de só ouvir, não gosto de dar palpites na vida pessoal de ninguém. Quero voltar à minha terra natal. Saudade da Serra da Barriga e de como nos aventurávamos indo pé, ou com amigos, de carona.

Mas sei que metade do que quero fazer, já não posso mais, me falta o equilíbrio, literalmente, para fotografar em pé, com minha máquina que está ficando obsoleta;  ir às exposições, frequentar as salas de cinema, com frequencia  e outras aventuras que fazia a alguns anos passados, claro.

“Em geral, sabemos identificar situações que provocam angústia, mas não temos tantas informações de como lidar com ela. Em geral, sabemos identificar situações que provocam angústia, mas não temos tantas informações de como lidar com ela”, dizem os especialistas.

Procuro não deixar o pessimismo me invadir a alma. Preciso me acostumar com minhas novas limitações, afinal lembrar de quem vive situações mais delicadas que a minha, é o gatilho para que eu tenha esperança.

Que tenhamos dias melhores e mais justos é o que almejo todo dia e como dizem por aí, “é preciso saber viver”.

 

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

O aniversariante esquecido


Olívia de Cássia Cerqueira

 

Pergunte a uma criança de hoje quem é o aniversariante do Natal ela não titubiará e dirá que se trata do velhinho barbudo. O grande homenageado está ficando para trás, substituído pela propaganda ostensiva e pelo consumo exagerado.

Não é que eu não ache bonito quem arruma uma casa com enfeite e tudo. Mas tem gente que exagera nisso e esquece do principal: O amor, em muitos lares, foi substituído pela aquisição de coisas de marca.

”Natal virou ostentação, evocação ao consumo! O aniversariante do mês e as crianças pobres, sem amor, continuam esquecidos”, em sua maioria, servindo, muitas vezes de massa de manobra de agentes públicos.

Segundo Antônio Galdino, em texto publicado na Folha Sertaneja, a data foi criada como oportunidade de reverenciar, adorar e conhecer a verdadeira história do mais importante aniversariante do mês de dezembro, Jesus Cristo, mas não é o que acontece.

“As pessoas têm a excepcional disposição de distorcer os objetivos das coisas e de dar a elas outras finalidades, outros interesses e ainda se utilizam da figura, da imagem do Senhor Jesus para dar brilho e valor aos seus próprios interesses”, diz ele.

Acrescentando que “continua se espalhando pelo mundo a fora a imagem benfazeja do velhinho, gorducho, bonachão, que gira o mundo numa carruagem puxadas por renas voadoras, distribuindo presentes para todas as crianças, como ressaltam as lendas televisivas.

E tem sido assim em todo canto. Os grandes empresários investem pesado nas propagandas e muita gente se deixa levar pela magia de que tudo está maravilhoso. Para se refletir. Boa tarde.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

O sol já vai alto

Olívia de Cássia Cerqueira

O sol já vai alto no céu de Maceió. A população está sobressaltada com os últimos acontecimentos aqui e acolá. Já não temos a paz que procuramos.

Moradores dos bairros afetados pela catástrofe proporcionado pela Braskem, fazem protesto, acertadamente, condenando o crime cometido pela mineradora, que causou destruição em bairros de Maceió. Uma das minas, a 18, ameaça colapsar.

O presidente da associação dos moradores, denunciou que foi ameaçado de morte. É o poder querendo se impor e mostrar suas garras, pela truculência.

Precisamos reconfigurar nossas vidas e entender que nem sempre tudo é o que queremos. E pode ser clichê, sem ter a pretensão de dar lição de moral.

No livro Homo Deus,  Yoval Noah Harari  escreve que “No despertar do terceiro milênio, a humanidade acorda, distende os membros e esfrega os olhos. Restos de algum pesadelo horrível ainda atravessaram a sua mente.  Haveria algo como arame farpado e nuvens enormes em forma de cogumelo. Ah, bom, foi apenas um sonho ruim”, diz ele.     

Sonho ruim tornado realidade aqui e alhures, onde guerras esquecem do ser humano e os poderosos só pensam em ganância, poder, dinheiro e só quem sofre com isso é a população civil, crianças inocentes, com mortos e feridos.

No caso daqui, a ganância não é diferente, onde acordos espúrios tentam esconder uma catástrofe anunciada há anos e populações inteiras perderam tudo o que acumularam durante uma vida. Para reflexão. Boa  Tarde.

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

E eis que se aproxima o Natal

Olívia de Cássia Cerqueira

 

E eis que se aproxima o Natal. De novo. Nunca fui de me animar muito nessa época do ano. Talvez por cada lembrança de uma época: meus pais, meus avós, primos e parentes que marcaram minha vida. Ou por outras situações que sempre me deixaram deprimida e que eu não entendia o motivo.

E no Natal não tínhamos festa lá em casa (apenas uma vez para nos despedir de uma prima de 26 anos que estava com metástase de um CA violento).

Terminada a Missa do Galo na Praça Basiliano Sarmento, a Praça da Igreja, quando éramos crianças, já exaustos por estar em pé, íamos para casa dormir. Na adolescência, ficávamos torcendo quer a missa terminasse logo, para ir zoar, como se diz agora, com os amigos. 

Hoje acordei com lembranças do meu pai. Um matuto saído das terras da Baixa Seca, zona rural, entre Murici e União dos Palmares. Seu João Jonas, como era conhecido (por ser filho de Jonas, meu avô paterno) vendeu suas terras a preço miúdo.

Naquela época as terras da minha família foram vendidas a preço baixo.  E mesmo não querendo, mas por insistência de minha mãe, acabou cedendo, porque ela não queria criar seus filhos na roça e papai sempre cedia.

E apesar do machismo, próprio dos matutos lá do sítio, dona Antônia tina uma força imensa e mesmo com seus preconceitos raciais, hoje analiso uma força feminina nela. Era uma leoa na defesa de seus filhos. Era do jeito dela.

E agora que não adianta mais entender algumas falhas que ela tinha, e não foram poucas (tanto as minhas quanto as dela), situações que não foram resolvidas me incomodam até hoje, 21 anos depois de sua morte completados no dia 10 de dezembro.

Talvez, se houver outra dimensão (algumas vezes acredito que sim) a gente possa resolver isso. Mesmo que ela fosse cética quanto a existir outras vidas (morreu, acabou), dizia ela.

Mas as lembranças do meu pai me vêm à tona também,  e me interrogo: como um homem tão simples, conseguiu manter uma família de quatro filhos, 3 estudando em Maceió, no ensino médio, com uma mercearia e um armazém de compra e venda de cereais, sendo tão tripudiado e enganado? Bem, chega por hoje. Bom dia.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

As memórias afetivas








 Olívia de Cássia Cerqueira

As memórias afetivas são aquelas que levamos para uma vida: sejam elas positivas ou não. Tenho muitas lembranças assim, como todo mundo.

Tem dias que tenho sonhos com situações que não aconteceram e que mostram para mim a necessidade de aumentar e determinar o foco na vida e na saúde.

Mas as lembranças que me vêm da infância são especiais, na saudosa Rua da Ponte. Com meus avós maternos, que não esqueço. Lembranças de alegria e felicidade, numa fase que não nos preocupamos com problemas da vida adulta.

Já na adolescência, posso dizer que tive muito choro e alegrias também. Achava que a companhia dos amigos era o que importava e aí tive muitos embates, o famoso conflito de gerações da época.

Às vezes penso que nasci na época errada, como disse Adélia Prado, “tenho princípios que já se perderam e amo coisas que já não se dá mais valor”. Ou no texto Solte os cachorros. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1979.

“O sonho encheu a noite

Extravasou pro meu dia

Encheu minha vida

E é dele que eu vou viver

Porque sonho não morre”

 E fico pensando nas pessoas que nasceram, cresceram e constituíram família nos bairros afetados pela catástrofe que a mineradora Braskem proporcionou às famílias, obrigando-os a deixarem os bairros comprometidos, deixarem seus sonhos e agora amedrontados coma possibilidade da mina 18 colapsar. Dá uma tristeza danada. Bom dia e boa semana.

domingo, 3 de dezembro de 2023

Até quando?

Olívia de Cássia Cerqueira

 

Até quando a ganância vai dominar o mundo? Meu Deus, será que não percebem que o mundo está ficando mais pobre? Sim, eles percebem. Mas querem uma grande parte na dependência deles, pedindo arrego, escravizados.

Desde o começo do mundo, que tem sido assim. A ganância pelo dinheiro e o poder, passando por cima de tudo. Este poema fala disso, publicado no site abaixo.

https://eassim.com.br/crime-da-braskem-e-o-belo-poema-de-rodrigo-severiano-buraco/

https://eassim.com.br/bairros-fantasmas-e-dramas-humanos-provocados-pelo-crime-da-braskem/


domingo, 26 de novembro de 2023

Interrogações

 


Olivia de Cerqueira

 

Começo o dia introspectiva e cheia de interrogações. Penso em passeios e em coisas que eu ainda poderia fazer sozinha e que não posso mais. Passeios culturais, exposições fotográficas, shows, fotografar, entre outras atividades.

Antes, quando eu tinha mais equilíbrio ia à praia do Francês sozinha. Tinha independência de ficar no local o tempo que quisesse. Tomar minha geladinha e depois vir embora. Hoje eu não posso mais: nem uma coisa, nem outra.

Mas apesar disso, não reclamo. Acordo agradecendo os livramentos que tenho tido e os amigos que têm me ajudado a ter mais qualidade de vida,  apesar das quedas semanais: duas por semana.

 Mas tem horas que dá uma angústia no peito, sem saber de onde vem. O sol já vai alto às primeiras horas da manhã. Os pets se assanham, pedindo atenção. Não gostam quando estou no computador, concentrada.

Fiona, mistura de siamês com vira-lata, se deita tomando banho. É o local predileto dela: dormir atrás, ou em cima do notebook. Aos meus pés, Juca e Kely (pinches) fazem brincadeiras, enquanto teclo meu texto.

O que fazer, a não ser as pequenas tarefas diárias: minhas leituras, palavras cruzadas, ver novelas e séries, quando o sono não vem? São perguntas que faço diariamente, ao mesmo tempo fazendo orações e agradecendo aos seres de luz por ainda, permitirem isso. Gratidão!

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Violência que se repete

 

Olívia de Cássia Cerqueira

 

Todos os dias assistimos no noticiário relatos de violência que se repete contra mulheres: seja por companheiros insatisfeitos com o fim do relacionamento, ou por relacionamentos tóxicos.

Sob diversas formas e intensidades, a violência doméstica e familiar contra as mulheres é recorrente e presente no mundo todo, motivando crimes hediondos e graves violações de direitos humanos.

A violência contra mulheres constitui-se em uma das principais formas de violação dos seus direitos humanos, atingindo-as em seus direitos à vida, à saúde e à integridade física.

O termo “Violência contra a mulher” resume diversos tipos de violência que acontecem sistematicamente no Brasil e no mundo por questões de gênero. Ou seja, mulheres agredidas porque são mulheres.

Essas agressões não se limitam apenas ao ato físico, mas a atos lesivos que resultem em danos psicológicos, emocionais, patrimoniais, financeiros, entre outros”.

Em Alagoas esse desrespeito aos direitos humanos não é diferente. Segundo dados do Mapa de violência, 99% das mulheres que foram assassinadas em Alagoas no ano de 2019 eram negras.

Apenas uma entre todas as vítimas de homicídio feminino naquele ano não tinha identificação de cor/raça. Foram 89 homicídios de negras e 1 sem cor/raça definida.

O levantamento escancara uma dura realidade: as mulheres negras estão em maior situação de vulnerabilidade social. Mas se formos atualizar esse estudo essa situação se agravou ainda mais nos últimos anos. Tiveram o encorajamento da Lei Maria da Penha que agora pune com mais rigor os agressores.

É recorrente os casos denunciados, sem contar os que ainda são omitidos, por medo, por vergonha ou por dependência financeira.

O estudo recomenda que as políticas públicas para o enfrentamento das altas taxas de violência contra a mulher "não pode prescindir de um olhar sobre o racismo e a discriminação e como estes fatores afetam desigualmente as mulheres".


 (Com informações dos sites: https://www.naosecale.ms.gov.br/violencia-contra-a-mulher/

https://www.fundobrasil.org.br/blog/violencia-contra-a-mulher-como-identificar-e-combater/

https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/violencia-contra-a-mulher/formas-de-violencia-contra-a-mulher/

https://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2021/08/31/99percent-das-mulheres-assinadas-em-alagoas-em-2019-eram-negras-revela-o-atlas-da-violencia.ghtml )

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

A semente da liberdade

Olívia de Cássia Cerqueira

(Fotos Olívia de Cássia-arquivo)


 Hoje é um dia de reflexão para o povo preto e todos que acreditam e lutam por ideais de liberdade. Que militam por causas justas. A causa de Zumbi, Dandara, Acortine, Alquatune  e todos os reis e rainhas que vieram da África e deveria ser uma causa para a maioria do povo palmarino.

Em 16 de abril de 2012, estava lá, como sempre fazia, sentei aos pés da estátua do guerreiro Zumbi, depois de fotografar vários cantos do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, que já fiz leitura fotográfica em outras oportunidades e sempre que visito. Tenho um acervo  fotográfico com o tema.

Lembro que era um domingo  um dia especial para dezenas de crianças carentes da comunidade da Várzea Grande, em União dos Palmares. Aalém de participar de brincadeiras, aprenderam in loco um pouco da nossa história de resistência.

Aprenderam que foi lá, na Serra da Barriga, que Zumbi resolveu se refugiar, fugindo da opressão e da escravidão e formou um exército de mais de 30 mil homens, que lutaram incansavelmente pelo seu povo, para livrá-los daquela situação de subordinação.

Há cinco anos, desde 2017, quando fui diagnosticada com Ataxia, que não frequento a Serra da Barriga, no dia 20 de novembro. Diferente de muitos anos outros. Visitar aquele solo sagrado neste dia, era obrigação, fosse de carona ou a pé, como muita gente faz.

Na ultima vez que estive lá nesta data, devido ao sol muito quente, próprio do local, tive uma sensação de desmaio, me escorei numa pequena árvore, perto de uma senhora muito gentil e fui me abaixando até sentar e melhorar daquele mal-estar. Ainda frequento em outros dias, muito raramente, quando posso e vou à minha terra, com meu amado irmão e gostaria de poder ir com mais frequencia.

Há 328 anos, completados hoje, Zumbi foi assassinado, quando lutava contra seus algozas, mas o preconceito ainda não acabou, o ódio o feminicídio e todas as formas de violência são causas incluídas nessa luta.

Na terra encantada onde se deu o primeiro grito de liberdade do Brasil, gostaria der estar hoje, para  amenizar o aperto no peito que sinto, desde ontem, pela perda do meu pet já idoso,  nem também aquela angústia incontida que não sabia de onde vinha.

A Serra da Barriga me renova as energias. Eu preciso  ir lá novamente,  para receber aquelas forças sagradas, para me revigorar, pois estou precisando desse banho de bênçãos.

A gente não sabe de onde vêm os sentimentos, mas os sentimentos vêm da alma da gente, do coração e da mente. O corpo responde aos estímulos que a gente dá. Na Serra da Barriga, quando estou lá, vou ao encontro das minhas raízes.

Hoje deveria ser um feriado nacional na essência da palavra. Em alguns estados do país isso não acontece, mas precisamos dar ao 20 de novembro a verdadeira importância que ele teve. Que hoje a semente da liberdade, do amor e da paz se espalhe em cada um de nós. Viva Zumbi e todos os heróis que lutaram pela liberdade.





terça-feira, 14 de novembro de 2023

Machismo, covardia, misoginia e tais ...


Olívia de Cássia Cerqueira

 

É revoltante, como se leva em conta, ainda homens que agridem mulheres, seja fisicamente, moralmente e ou psicologicamente, independente das suas posições políticas. Violência se resolve com justiça, mesmo que a do país ainda seja falha e tardia.

Alguns apaniguados tentam justificar o injustificável: a violência cometida contra a apresentadora Ana Hickmann pelo seu companheiro, Alexandre Correa, que a agrediu de forma torpe.

A apresentadora teve o braço apertado e recebeu cabeçadas. Terá sido a primeira vez? Não importa. Ela registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia, na manhã deste domingo, 12/11, em Itu, cidade onde mora. Contra este senhor já existem outras denúncias de agressão a outras mulheres. Notícias que circulam na internet.

“Já está em vigor a lei que determina a concessão sumária de medidas protetivas de urgência às mulheres a partir de denúncia de violência apresentada à autoridade policial ou a partir de alegações escritas. Sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Lei 14.550, de 2023, foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (20).

A norma altera a Lei Maria da Penha. Assim, as regras deverão ser aplicadas a todas as situações de violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da causa ou da motivação desses atos ou da condição do ofensor ou da ofendida.

As medidas protetivas serão concedidas independentemente da tipificação penal da violência, do ajuizamento de ação ou da existência de inquérito policial ou boletim de ocorrência. Deverão vigorar enquanto persistir risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da ofendida ou dos dependentes.

As medidas protetivas poderão ser indeferidas no caso de avaliação, pela autoridade, de inexistência de risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da ofendida ou dos dependentes.

A nova norma é oriunda do PL 1.604/2022, aprovado em caráter terminativo pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado em dezembro do ano passado e pela Câmara dos Deputados em março. Segundo a então senadora Simone Tebet (MS), autora da proposta e atual ministra do Planejamento, as mudanças evitarão interpretações diversas de juízes ou policiais sobre medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha.

Durante a votação na CCJ, a relatora, Eliziane Gama (PSD-MA), disse ser lamentável que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) tenha caminhado no sentido de que, para aplicar a lei, os juízes devem analisar em cada caso se a violência tenha sido ou não baseada no gênero, o que, na avaliação da parlamentar, diminui a proteção às mulheres”. ( Com informações da Agência Câmara e Fonte: Agência Senado).

O mundo, ou algumas pessoas estão doentes de ódio, intolerância e desamor.  Vamos semear o amor e a paz no mundo, é preciso denunciar.

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

As lembranças que surgem


Olívia de Cássia Cerqueira

 

Já se passaram tantos anos daquela fase incompreendida, radical e rebelde, ao mesmo tempo de doces lembranças e carência afetiva, que me levaram a erros próprios da idade e muitos sonhos, acalentados pela ingenuidade daqueles anos.

Hoje em dia se resolve muitos desses problemas com encaminhamento a especialistas: psiquiatras ou psicólogos. E percebo que se naquela época tivesse sido analisada por algum especialista, oxalá não tivesse cometido tantos erros.

Nos anos 70 e 80 do século passado vivi a minha adolescência e juventude. A turma jovem brasileira pregava a paz e o amor; em União dos Palmares a gente vivia o auge das discotecas, queríamos aproveitar os finais de semana indo a esses lugares, de sexta a domingo, no meu caso com a repreensão dos meus  pais. Ainda gosto da boa música, rock e queria sempre estar com os amigos.

 No site https://www.psitto.com.br/blog/, há um artigo que define o acima exposto “A carência afetiva é um problema emocional complexo. A pessoa carente raramente consegue o que deseja (o afeto) de maneira apropriada.

 E diz ainda o texto que a carência em excesso pode ser perigosa. Hoje entendo que a maioria das situações vividas poderiam ter sido evitadas. A gente chega a se sentir dependente do outro ou de outras pessoas para ser feliz.

Feliz ou infelizmente, o tempo passa e tudo muda. Passamos por outras situações que nos fazem desviar a atenção para outras paisagens.  Envelhecemos. Vamos analisando cada vivência com outros olhos. Ainda bem.

domingo, 12 de novembro de 2023

Jesus voltará??


Olívia de Cerqueira

 

«Creio em Deus»: é esta a primeira afirmação da profissão de fé e também a mais fundamental”, mas perdoem-me os que acreditam; sou católica não praticante e não creio que Jesus terá coragem de voltar à terra, como é professado nos púlpitos, diante de tudo que vamos presenciando no mundo.

Em primeiro lugar porque uma parte da humanidade não deu certo. É só pegarmos um livro de História, ou vermos o noticiário da TV. Guerras insanas pelo poder exagerado e pelo dinheiro, petróleo, violência contra crianças, mulheres e idosos.

Não sou contra o poder, quando ele se propõe a fazer o bem, mas tem personagens que vão às raias da loucura e são capazes de qualquer situação, inclusive matar, em nome de Deus.

Que Deus é esse que essas pessoas professam? Certamente não  é o que acredito. Confio em um ser de luz, incapaz de nos fazer o mal, que foi torturado, injuriado e morto de forma torpe para nos salvar. E o que fez a humanidade?

 Arrastados pela ganância, os fariseus o entregaram aos algozes. Tudo porque ele fazia o bem e pregava palavras de fé e cura. Infelizmente, nas sociedades atuais precisamos do dinheiro. Esse vil metal, que para sobreviver, pagar contas e ter qualidade de vida, nos é necessário. Para mim seria o suficiente. E tenho dito.Bom dia.

sábado, 11 de novembro de 2023

Além de novembro

Olívia Cerqueira

 

O Dia Nacional da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares, e reivindica essa figura histórica como símbolo de resistência.

No entanto, avalio que as comemorações de novembro que reverenciam nosso herói , deveriam se estender ao longo do ano todo. Afinal, Zumbi merece ser visto do alto da sua importância na história do País.

O Parque Memorial Quilombo dos Palmares, implantado em 2007 pelo Ministério da Cultura, por meio da Fundação Cultural Palmares, na Serra da Barriga, em União dos Palmares, reconstitui o cenário da história de resistência à escravidão: a história do Quilombo dos Palmares, o maior, mais duradouro e mais organizado refúgio de negros escravizados das Américas, índios e brancos degredados da sociedade.

A arquitetura do Memorial reconstitui o quilombo e foi construído depois de muitos estudos e muita reivindicação do movimento negro brasileiro. Recebe visitantes de toda parte: tanto brasileiros quanto internacionais.

A Serra da Barriga foi tombada como Patrimônio Histórico, Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, em 1986, imortalizando o local como símbolo de resistência e luta pela liberdade. Em 21 de março de 1997, Zumbi dos Palmares foi reconhecido pelo Governo Federal como herói nacional.

No quilombo o povo oprimido era acolhido e bem recebido. Algumas lideranças do movimento negro e da comunidade da Terra da Liberdade reclamam que os olhos dos gestores só se voltam para a Serra da Barriga quando se aproxima o 20 de novembro e durante o resto do ano o local fica subaproveitado.  Zumbi vive em cada brasileiro que luta por uma sociedade mais justa e mais igualitária.

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Invisibilidade social


Olívia de Cássia Cerqueira

 

O tema da redação do Enem esse ano de 2023 (Desafios para o Enfrentamento da invisibilidade do trabalho e de cuidado realizado pela mulher no Brasil), tratou de um assunto que agradou, por estar na pauta dos movimentos femininos do mundo, desde muito tempo e serviu para um alerta a muita gente por aí, que ainda acha que o trabalho doméstico não tem valor. Pelo menos no Brasil.

Quando entrei na Ufal, tive contato com mulheres maravilhosas, que me levaram a ler livros sobre a luta das mulheres e me identifiquei de pronto com o tema que sempre defendi, mesmo sem ter pleno conhecimento da questão.

Ainda adolescente, enfrentei preconceitos em União dos Palmares, por defender certos temas, considerados “tabus”, “por ser uma mocinha que gostava de ler muito”. Era assim que alguns namorados de amigas me conceituavam, com o objetivo de que não andassem comigo, para não serem influenciadas por mim.

A luta das mulheres não é recente; é secular. Desde a origem da família da propriedade privada e do estado, como bem descreveu Engels, em seu livro homônimo, baseado nos estudos de Bachofen (Johann Jakob Bachofen (1815 – 1887) foi um jurista e antropólogo suíço, professor de Direito romano na Universidade de Basileia, de 1841 a 1845).

”Engels reconheceu no trabalho de Bachofen a imagem de uma espécie de comunismo primitivo, tanto denunciando a subjugação do gênero feminino, como sua contribuição para a evolução da civilização humana”, escreve a  revista Sibila.

Mas foi Paul Lafargue em seguida quem aprofundou e disseminou a leitura de Bachofen feita por Engels através de uma ideia revolucionária de matriarcado.

No Matriarcado, os homens saíam para a guerra e as mulheres ficavam em casa, cuidando da agricultura, que era considerada uma atividade sem valor.

E tudo começou quando 128 mulheres foram queimadas vivas, dentro da fábrica Coton, em Nova York, porque reivindicavam a diminuição da carga horária, de 14 para dez horas. E muitos outros e outras estudiosos e estudiosas começaram a estudar a questão.

Uma pauta que tem muito assunto ainda para ser discutido no Brasil e no mundo, mesmo no Século 21, em que muitos avanços foram conseguidos, mas que nem a Lei Maria da Penha, sancionada pelo presidente Lula, Lei nº 11.340/2006, com o objetivo de coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra as mulheres, conseguiu que a violência e o preconceito fossem dizimados.

Recomendo muita leitura e debates sobre a questão, ainda temos muito que nos atualizar.

sábado, 4 de novembro de 2023

O tempo voa

Olívia de Cássia Cerqueira

Cada ano que vai passando sentimos e vemos o tempo passar; rápido como um furacão, e percebemos que, as metas que planejamos, em sua maioria, não se realizaram.

E sabe de uma coisa, meu diário, não vou mais criar expectativas. Seja lá o que tiver que ser. De uma forma ou de outra, não posso impedir que venha o que tiver que vir. “Há quem tenha medo que o medo acabe”, afirma o escritor moçambicano Mia Couto.

Eu já passei da idade de fazer grandes planos e projetos. Tenho limitações que me chegam a cada dia, de uma forma diferente. E me ponho a pensar em quanto tempo da vida eu perdi.

Perdi parte da juventude pensando e querendo coisas quase que impossíveis, mas entendo também que é na juventude que sonhamos os sonhos mais lindos. É na juventude que nos preparamos para a fase adulta.

A questão que me vem toda hora é: eu não me preparei, para tal. Não tive grandes propósitos, não me qualifiquei como deveria ter feito e como eu sonhava que seria.

Aquela menina sonhadora, aquela jovem que envelheceu tão rápido, já não se reconhece nas poucas vezes que se olha no espelho e o resto de tempo que me resta, não estou podendo aproveitar como deveria.

E quando essas certezas me chegam a galope, eu tenho receio e peço aos anjos de luz, se por acaso eu for merecedora, que me deem uma nova chance.

Se existir outra vida, que eu não cometa os mesmos erros que cometi e cometo ao longo dessa minha existência. Boa tarde!

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Clima de verão


Olívia de Cássia Cerqueira

 

Já estamos no clima de verão e ainda não é a estação mais quente. O Nordeste é assim, “um sol para cada um”. Nesse clima vou seguindo a minha luta. A vida continua e ela é bela, apesar de tudo.

Rogo a Deus e aos seres de luz, todos os dias, para não me deixar perecer, que me fortaleça a cada dia, tanto espiritualmente, quanto fisicamente.

Não sei se tenho medo da morte, mas ultimamente tenho pensado muito nela, não nego. Se vai doer quando ela chegar, só o tempo vai dizer. Eu tenho medo de ter medo. Medo de um dia não poder mais responder por mim. O que será de mim?

Tenho medo de não poder mais ver o mundo. Tenho medo da dependência física de terceiros para as coisas mínimas. Quero ser forte se esse dia chegar, mas não quero pena de ninguém. Será o que tiver que ser.

Sinto o cheiro da minha terra no ar. Seria tão bom se o tempo pudesse voltar, nem que fosse por alguns minutos e eu pudesse reviver tudo aquilo: minha mãe à beira da minha cama com um remédio para passar minhas dores, ou na cozinha, preparando alguma coisa para a gente comer.

Meu pai ali, relembrando sua dura vida de criança, mas dando boas gargalhadas da situação vivida e a gente rindo das histórias dele. Nossa casa cheia de familiares para o almoço, recebendo visita dos parentes do Rio de Janeiro. Tudo uma alegria só; era tão bom.

Lá vou eu de novo, nesse turbilhão de lembranças do passado, aquelas que realmente valeram a pena e marcaram a minha vida. Acho que estou realmente no fim. É quando a gente começa a remoer o passado, fazer contabilidade do que viveu, balanço do que valeu a pena e o que não valeu, a gente acumulou experiências.

Quero força para continuar lutando por uma vida melhor, por dignidade e qualidade de vida. A vida é cheia de contrastes, de desigualdades e preciso estar forte, consciente e preparada para enfrentar o que vier por aí. Boa tarde.

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Dia de finados

Conta a história que o dia de Finados é celebrado em 2 de novembro no mundo ocidental. Isso ocorre desde a Idade Média, após essa data ter sido sugerida pelo abade Odilon de Cluny.

O Dia de Finados, como é conhecido, foi instituído inicialmente no século X, na abadia beneditina de Cluny, na França, pelo abade Odilo (ou Santo Odilon [962-1049], como chamado entre os católicos). Odilo de Cluny sugeriu, no dia 02 de novembro de 998, aos membros de sua abadia que, todo ano, naquele dia, dedicariam suas orações à alma daqueles que já se foram. A ação de Odilo resgatava um dos elementos principais da cosmovisão católica: a perspectiva de que boa parte das almas dos mortos está no Purgatório, passando por um processo de purificação para que possam ascender ao Paraíso.

No estado de purgação, as almas necessitam, segundo a doutrina católica, de orações dos vivos, que podem pedir para elas a misericórdia divina e a intercessão dos santos, da Virgem Maria e do principal mediador, o Deus Filho, Jesus Cristo. Nos séculos da Baixa Idade Média (X ao XV), a prática de orações pelas almas dos mortos tornou-se bastante popular na Europa, ficando conhecida pela alcunha de “Dia de todas as Almas”. Essa prática remonta ao período do cristianismo primitivo, dos séculos II e III, quando os cristãos perseguidos pelo Império Romano enterravam e rezavam por seus mortos nas catacumbas subterrâneas da cidade de Roma.

Com a descoberta da América e o processo de colonização, o dia escolhido por Odilo de Cluny tornou-se ainda mais popular. Nos dias atuais, apesar do grande processo de secularização que a civilização ocidental sofreu ao longo da modernidade, o Dia de Finados continua a ser uma data especial, na qual a memória dos entes queridos que já se foram nos vem à mente e na qual, também, milhões de pessoas vão aos cemitérios levar suas flores, velas, sentimentos e orações.

 

Publicado por Cláudio Fernandes ( https://mundoeducacao.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-finados.htm#:~:text=Odilo%20de%20Cluny%20sugeriu%2C%20no,daqueles%20que%20j%C3%A1%20se%20foram.)

 

 

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Desafios diários


Olivia de Cerqueira

(Jornalista aposentada)

Quem não tem seus perrengues diários? Todos nós temos. E alguns mais desafiantes que outros. Não sou melhor que ninguém. Eu não tinha dimensão exata disso, apenas tinha e tenho vários exemplos, que me esclarecem um pouco.

Somos raros, portadores e familiares dos cerebelopatas se desdobram para nos entender, mas para mim, às vezes é difícil. Muitas das ocasiões nem nós conseguimos dimensionar o peso de uma situação.

Mas o meu "entrevero"  interior de hoje é escrever sobre os meus desafios e o primeiro é preencher a folha em branco. Diz uma descrição, que captei na internet: “um texto é apenas uma porção de letras impressas, até que o leitor se aproprie do que ele diz e, então, dê alma às letras fazendo-as texto de fato”.  (Equipe Pedagógica do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores).

No entanto, quando escrevo, penso que alguém vai me entender e ser solidário (a) e se remeter ao mesmo processo.

Em nunca desista dos seus sonhos, Auguto Cury escreveu que “apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso ou pessoas fracassadas”. Segundo o autor, “são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles”.

Eu entendo que nunca devemos desistir. São desafios diários que todos nós perseguimos. Tenho obrigação de todo dia ser positiva, de buscar a felicidade. Saúde para todos. Bom dia.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Os pássaros cantam

 

Olívia de Cassia Cerqueira

 

Os pássaros cantam na Estação Ferroviária. Estavam animados, efusivos, felizes, anunciando um novo dia. Há esperança, apesar de tudo. Ligo a TV no noticiário e vou começando minha rotina.

Mesmo um pouco tonta, por conta da Ataxia e da medicação que tomei, providencio algumas tarefas necessárias, como a limpeza da sujeira dos pets, apesar de hoje ser dia da diarista, mas não seria justo com ela. Faço um pouco de ergométrica e daqui há pouco vou caminhar com o mandador.

O noticiário não é alvissareiro. As informações são de incêndios. Lá e cá. O Rio de Janeiro, continua lindo? “Antes refúgio à beira-mar, Recreio convive com 'narcomilícia' e vê alta de 218% na letalidade violenta”, diz o G1.

E ainda no Brasil “Nesta semana, os moradores da Zona Oeste da capital fluminense viveram o terror daquele que foi o maior ataque ao transporte público da história da cidade – foram queimados 35 ônibus e 1 trem. Tratou-se de uma vingança do grupo mais poderoso da milícia, a Liga da Justiça, pela morte do miliciano apontado como número 2 da hierarquia” .

E outra notícia  de ontem no JN: “Jovens viciados em drogas K, que causam ‘efeito zumbi’, vivem e usam a substância em terminal de ônibus de SP”. Muito triste tudo isso. A juventude está se matando.

Por outro lado, tento ver e analisar alguma coisa que me dê esperança. Pelo menos as ações de resgate dos brasileiros pelo governo Lula, nos dá um alívio.

Último voo da 1ª fase de resgate de brasileiros em Israel chega ao Brasil; 1.135 foram repatriados. Mas ainda tem gente nossa por lá. Segundo o Itamaraty, eles e alguns pets foram repatriados desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, em 7 de outubro. Desde então, 6 voos da FAB foram direcionados para o resgate de brasileiros que estavam na região, em uma 1ª fase.

“O governo afirmou ainda que aguarda autorização do Egito para resgatar um grupo de brasileiros que está na Faixa de Gaza. Um avião, que deve ser usado na operação, pousou em um aeroporto egípcio na quarta-feira (18) levando itens de ajuda humanitária”.

Pelo menos temos agora um governo que se importa com direitos humanos. Aguardemos novas informações E meus pets, indiferentes a essas notícias me cercam aguardando um descuido meu para irem pra rua. Até logo e bom dia para todos. 

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Será que ainda posso confiar no ser humano?

Olívia de Cássia Cerqueira

 Diante da violência que o mundo está passando, acentuadamente, com muito ódio, intolerância, guerras insanas, violência contra crianças, mulheres, pessoas pretas, e LGBTs, mal tratos a idosos e animais, me deparo com a pergunta que titula o texto.

Por que não podemos andar tranquilos nas ruas, sem desconfiar de quem se aproxima de nós? Às vezes acho que estamos ficando todos com fobias graves.

Segundo om site https://www.vittude.com/blog/agorafobia, a “A agorafobia aparece quando a pessoa que sofreu repetidamente crises de ansiedade adquire um medo horrível de que elas se manifestem em situações concretas”. 

Este medo, segundo o texto do site,  “é motivado pela ideia de que esse ataque pode se repetir e de que será muito difícil conseguir ajuda” Confesso que tenho as minhas, mas devo admitir que tenho encontrado solidariedade, sororidade e ajuda.

E tenho tido muita. Perdi a vergonha, ou estou perdendo, diante da minha condição, de pedir ajuda. Confesso que falo das minhas fraquezas, abertamente, apesar da timidez, que embora não seja aparente, eu tenha, às vezes.

Outro dia fui ao médico, próximo à minha casa. Fui com o andador. A roda emperrou no acesso para deficiente, e precisei pedir ajuda. Felizmente na calçada da Santa Casa, é possível “caminhar” com o andador, livremente. Do outo lado, precisando atravessar a rua, tive ajuda, novamente. Na volta, a mesma coisa.

Para marcar consultas pelo SUS, não entendo nada. Novamente tenho encontrado muita ajuda de um anjo. Deus abençoe a esses anjos de luz, que me impulsionam a ainda acreditar que a humanidade pode ter jeito. Bom dia.

domingo, 22 de outubro de 2023

Quebrei outro prato

Olívia de Cássia Cerqueira

 

Acordei e resolvi ficar na cama mais um pouco hoje. Malala fez dengo, com Kely, me beijaram (lambidas). Fingi estar dormindo. Levantei depois da missa, na hora do programa rural.

Faço, todo dia, a comunicação comigo mesma, e lembrei de uma das primeiras aulas do professor Carlos Gusmão, na disciplina Teoria da Comunicação 1.

Comecei minha rotina diária e tenho gratidão por de tudo, até pelas dificuldades, que me impulsionam a ser melhor.  Pego a leiteira, para colocar a água do café e outra panelinha para cozinhar o ovo (a proteína) e lá vem uma baratinha seca, filhote da de ontem, me importunar.

 Jogo água bastante para que ela desça pelo ralo, e depois água quente. É uma luta diária.

O café fica pronto, como meu mamão, meu ovo, tomo meu café e quando vou levantar para colocar o pratinho na pia, caiu quebrando em pedaços...

Resolvo olhar a bula da nova medicação receitada pela neuro e quando começo a leitura, desisto de ir até o fim. Não tenho costume de ler, geralmente uso os remédios e apenas algumas vezes o faço.

 Ontem levei outra queda quando fui pegar os remédios e a água para toma-los. Dessa vez não xinguei, agradeci e sempre agradeço ao meu anjo da guarda pelo livramento, pela lucidez e capacidade para pensar ainda. Penso que é assim a minha condição, mas procuro ser otimista. Vai dar tudo certo, vou lutar até o fim.

Tenho pensado muito e procuro me fortalecer, ser  e estar melhor a cada dia. Quero voltar a fotografar com minha máquina, mas cadê o equilíbrio?

Vou pensar em novas soluções, agora com a cadeira de rodas, mas vou precisar me acercar de outras providências.... O dia já amanheceu muito quente. Estou transpirando em bicas. Sempre que estou escrevendo, acontece isso.

 Os pets estão esperando a ração, interrompo o texto. Os gatos da rua também. Preciso volta para as tarefas diárias e depois à leitura.  Bom domingo para todos e todas.

Semana Santa

Olívia de Cássia Cerqueira (Republicado do  Blog,  com algumas modificações)   Sexta-feira, 29 de abril, é Dia da Paixão de Cristo. ...