segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Desafios diários


Olivia de Cerqueira

(Jornalista aposentada)

Quem não tem seus perrengues diários? Todos nós temos. E alguns mais desafiantes que outros. Não sou melhor que ninguém. Eu não tinha dimensão exata disso, apenas tinha e tenho vários exemplos, que me esclarecem um pouco.

Somos raros, portadores e familiares dos cerebelopatas se desdobram para nos entender, mas para mim, às vezes é difícil. Muitas das ocasiões nem nós conseguimos dimensionar o peso de uma situação.

Mas o meu "entrevero"  interior de hoje é escrever sobre os meus desafios e o primeiro é preencher a folha em branco. Diz uma descrição, que captei na internet: “um texto é apenas uma porção de letras impressas, até que o leitor se aproprie do que ele diz e, então, dê alma às letras fazendo-as texto de fato”.  (Equipe Pedagógica do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores).

No entanto, quando escrevo, penso que alguém vai me entender e ser solidário (a) e se remeter ao mesmo processo.

Em nunca desista dos seus sonhos, Auguto Cury escreveu que “apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso ou pessoas fracassadas”. Segundo o autor, “são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles”.

Eu entendo que nunca devemos desistir. São desafios diários que todos nós perseguimos. Tenho obrigação de todo dia ser positiva, de buscar a felicidade. Saúde para todos. Bom dia.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Os pássaros cantam

 

Olívia de Cassia Cerqueira

 

Os pássaros cantam na Estação Ferroviária. Estavam animados, efusivos, felizes, anunciando um novo dia. Há esperança, apesar de tudo. Ligo a TV no noticiário e vou começando minha rotina.

Mesmo um pouco tonta, por conta da Ataxia e da medicação que tomei, providencio algumas tarefas necessárias, como a limpeza da sujeira dos pets, apesar de hoje ser dia da diarista, mas não seria justo com ela. Faço um pouco de ergométrica e daqui há pouco vou caminhar com o mandador.

O noticiário não é alvissareiro. As informações são de incêndios. Lá e cá. O Rio de Janeiro, continua lindo? “Antes refúgio à beira-mar, Recreio convive com 'narcomilícia' e vê alta de 218% na letalidade violenta”, diz o G1.

E ainda no Brasil “Nesta semana, os moradores da Zona Oeste da capital fluminense viveram o terror daquele que foi o maior ataque ao transporte público da história da cidade – foram queimados 35 ônibus e 1 trem. Tratou-se de uma vingança do grupo mais poderoso da milícia, a Liga da Justiça, pela morte do miliciano apontado como número 2 da hierarquia” .

E outra notícia  de ontem no JN: “Jovens viciados em drogas K, que causam ‘efeito zumbi’, vivem e usam a substância em terminal de ônibus de SP”. Muito triste tudo isso. A juventude está se matando.

Por outro lado, tento ver e analisar alguma coisa que me dê esperança. Pelo menos as ações de resgate dos brasileiros pelo governo Lula, nos dá um alívio.

Último voo da 1ª fase de resgate de brasileiros em Israel chega ao Brasil; 1.135 foram repatriados. Mas ainda tem gente nossa por lá. Segundo o Itamaraty, eles e alguns pets foram repatriados desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, em 7 de outubro. Desde então, 6 voos da FAB foram direcionados para o resgate de brasileiros que estavam na região, em uma 1ª fase.

“O governo afirmou ainda que aguarda autorização do Egito para resgatar um grupo de brasileiros que está na Faixa de Gaza. Um avião, que deve ser usado na operação, pousou em um aeroporto egípcio na quarta-feira (18) levando itens de ajuda humanitária”.

Pelo menos temos agora um governo que se importa com direitos humanos. Aguardemos novas informações E meus pets, indiferentes a essas notícias me cercam aguardando um descuido meu para irem pra rua. Até logo e bom dia para todos. 

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Será que ainda posso confiar no ser humano?

Olívia de Cássia Cerqueira

 Diante da violência que o mundo está passando, acentuadamente, com muito ódio, intolerância, guerras insanas, violência contra crianças, mulheres, pessoas pretas, e LGBTs, mal tratos a idosos e animais, me deparo com a pergunta que titula o texto.

Por que não podemos andar tranquilos nas ruas, sem desconfiar de quem se aproxima de nós? Às vezes acho que estamos ficando todos com fobias graves.

Segundo om site https://www.vittude.com/blog/agorafobia, a “A agorafobia aparece quando a pessoa que sofreu repetidamente crises de ansiedade adquire um medo horrível de que elas se manifestem em situações concretas”. 

Este medo, segundo o texto do site,  “é motivado pela ideia de que esse ataque pode se repetir e de que será muito difícil conseguir ajuda” Confesso que tenho as minhas, mas devo admitir que tenho encontrado solidariedade, sororidade e ajuda.

E tenho tido muita. Perdi a vergonha, ou estou perdendo, diante da minha condição, de pedir ajuda. Confesso que falo das minhas fraquezas, abertamente, apesar da timidez, que embora não seja aparente, eu tenha, às vezes.

Outro dia fui ao médico, próximo à minha casa. Fui com o andador. A roda emperrou no acesso para deficiente, e precisei pedir ajuda. Felizmente na calçada da Santa Casa, é possível “caminhar” com o andador, livremente. Do outo lado, precisando atravessar a rua, tive ajuda, novamente. Na volta, a mesma coisa.

Para marcar consultas pelo SUS, não entendo nada. Novamente tenho encontrado muita ajuda de um anjo. Deus abençoe a esses anjos de luz, que me impulsionam a ainda acreditar que a humanidade pode ter jeito. Bom dia.

domingo, 22 de outubro de 2023

Quebrei outro prato

Olívia de Cássia Cerqueira

 

Acordei e resolvi ficar na cama mais um pouco hoje. Malala fez dengo, com Kely, me beijaram (lambidas). Fingi estar dormindo. Levantei depois da missa, na hora do programa rural.

Faço, todo dia, a comunicação comigo mesma, e lembrei de uma das primeiras aulas do professor Carlos Gusmão, na disciplina Teoria da Comunicação 1.

Comecei minha rotina diária e tenho gratidão por de tudo, até pelas dificuldades, que me impulsionam a ser melhor.  Pego a leiteira, para colocar a água do café e outra panelinha para cozinhar o ovo (a proteína) e lá vem uma baratinha seca, filhote da de ontem, me importunar.

 Jogo água bastante para que ela desça pelo ralo, e depois água quente. É uma luta diária.

O café fica pronto, como meu mamão, meu ovo, tomo meu café e quando vou levantar para colocar o pratinho na pia, caiu quebrando em pedaços...

Resolvo olhar a bula da nova medicação receitada pela neuro e quando começo a leitura, desisto de ir até o fim. Não tenho costume de ler, geralmente uso os remédios e apenas algumas vezes o faço.

 Ontem levei outra queda quando fui pegar os remédios e a água para toma-los. Dessa vez não xinguei, agradeci e sempre agradeço ao meu anjo da guarda pelo livramento, pela lucidez e capacidade para pensar ainda. Penso que é assim a minha condição, mas procuro ser otimista. Vai dar tudo certo, vou lutar até o fim.

Tenho pensado muito e procuro me fortalecer, ser  e estar melhor a cada dia. Quero voltar a fotografar com minha máquina, mas cadê o equilíbrio?

Vou pensar em novas soluções, agora com a cadeira de rodas, mas vou precisar me acercar de outras providências.... O dia já amanheceu muito quente. Estou transpirando em bicas. Sempre que estou escrevendo, acontece isso.

 Os pets estão esperando a ração, interrompo o texto. Os gatos da rua também. Preciso volta para as tarefas diárias e depois à leitura.  Bom domingo para todos e todas.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Lembranças indesejadas

 

Olívia de Cássia Cerqueira

 A barata-mãe apareceu hoje, perto do lixeiro da cozinha. Machuquei com gosto. Não tenho medo delas. Tenho nojo.  Peguei e coloquei no saco do lixo.

As filhas pequenas invadem os armários da cozinha, e já tentei várias “soluções” caseiras que pesquei na internet, mas as respostas para isso foram mínimas.

Novamente a lembrança de Clarice na sua introspecção arrumando suas gavetas, me vem a memória. Só entende quem passou por isso.

Tenho essa mania de pensar em situações inusitadas, embora não tenha a mesma capacidade da escritora renomada e não me atreveria.

Minhas dores cederam um pouco, mas o andar de bêbado se acentua a cada dia mais, agravando a cerebelopatia.  Sou uma cobaia, como diria Cazuza.

Cerebelopata é como explica o professor para os alunos na fisioterapia. E me chama a atenção para eu não falar a sequencia dos exercícios para os novatos, já que estou lá há sete anos.

Lembro de cenas do passado que me magoaram intensamente, mas tento me desligar dessas lembranças que, vez em quando, me acometem.

Tento ser otimista e me acercar de boas leituras, fazer Palavras cruzadas, conversar com meus pets, e agora com um andador top que comprei com ajuda de uma vaquinha dos amigos estou caminhando duas vezes ao dia na rua.

Tenho me sentido melhor, mais forte, fisicamente com as adaptações. Mudei minha alimentação e a neuro, as dosagens e a medicação. Tenho ido a vários especialistas, à medida que vão surgindo sintomas de outras doenças.

Não é fácil ter esse problema hereditário que tenho e que muitos membros da família herdaram dos nossos ancestrais. Hoje não me sinto feliz, mas estou grata mesmo assim. Por ainda pensar, ter muitos bons gostos de antes, embora tenha que refazer a rotina e canalizar meus costumes para outras situações.

Embora os problemas financeiros me preocupem, essas guerras  insanas me preocupam e me deixam mais em alerta. Que todos tenhamos dias melhores e mais leves, sem tanta violência contra mulheres e crianças, e ataques ao meio ambiente. Que todos tenham um lindo dia.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Mundo louco


Olivia de Cássia Cerqueira

 Jornalista aposentada


Do alto das minhas limitações e já na velhice, penso que a guerra nunca foi solução para nada. Quem recebe todos os ônus são pessoas inocentes, civis e crianças.

Impossível não se indignar com tanta violência. Vejo essa guerra com tristeza profunda. Embora estejamos distantes, penso nos brasileiros e nos que são nativos. Num monte de gente morrendo, bebês inocentes. É muita crueldade.

Eu não consigo viver serena diante de tudo isso. Sempre busquei um mundo que seja bom para viver, não costumo desejar mal a ninguém, pois o mal por si se destrói.

Sonho com um mundo em que a gente não possa ter medo, medo de ter medo. O tempo da escravidão e da ditadura já passou. Precisamos nos indignar diante das injustiças.

O ser humano é um bicho esquisito e contraditório. Busca a paz fazendo guerras, desde o começo do mundo, quando poderia conviver pacificamente com seus semelhantes.

Desde muito, algumas situações históricas do começo da humanidade levaram a algumas guerras, mas nos dias de hoje não entendo como se gastar tanto tempo ainda com guerras, quando o que a gente busca é a paz.

O ser humano ainda pensa que a força bruta e a violência são o que determina o nível de superioridade entre os seres. Esquecem que quanto mais inteligente, mais superior seremos, sem querer ser simplória e ingênua.

Desde que o mundo é mundo, como dizia a minha mãe, a humanidade se embrenha em contendas, seja por um pedaço de terra, por questões religiosas, políticas ou para ter poder, impor supremacia ou salvaguardar interesses materiais ou ideológicos.

Estão matando em nome de Deus.  Um Ser que para eles é violento, vingativo. Para alguns cientistas, a guerra faz parte da natureza humana e teriam atingido até mesmo o ancestral comum entre humanos e chimpanzés.

Mas seja lá a explicação que se dê a isso, o certo é que a gente poderia plantar em nossos corações gotas de paz, todos os dias, em nossa família e no nosso convívio com nossos semelhantes, lembrando que ninguém é obrigado a pensar da mesma forma que nós e para isso existe o respeito às opiniões contrárias. Pelo fim das guerras, por um mundo de paz. Bom dia.

Semana Santa

Olívia de Cássia Cerqueira (Republicado do  Blog,  com algumas modificações)   Sexta-feira, 29 de abril, é Dia da Paixão de Cristo. ...