terça-feira, 26 de março de 2024

Semana Santa



Olívia de Cássia Cerqueira

(Republicado do  Blog,  com algumas modificações)

 

Sexta-feira, 29 de abril, é Dia da Paixão de Cristo. Para a nossa família, quando éramos crianças, essa era uma data muito triste, mas em compensação tínhamos como recompensa a toda aquela tristeza, as comidas que a minha mãe fazia nessa época do ano.


Meus pais e meus avós jejuavam na Semana Santa e de quarta-feira a sexta não comiam carne e voltavam a comer no sábado.

 Era tradição e ainda hoje muitas pessoas católicas ainda seguem esse ritual. Pra falar a verdade, depois que vim morar em Maceió, não sigo esses costumes.


Nessa época, da quarta até a sexta-feira, os nossos almoços lá em casa eram regados a muita comida no coco, peixe, bacalhau, sururu e outras delícias; de sobremesa e para o café mamãe fazia bolos diversos, pés-de-moleque., cocada e tanta coisa gostosa que a gente se fartava.

Os rituais da Igreja eram sempre seguidos pela minha família e na Sexta-feira da Paixão nós acompanhávamos nossos pais na procissão do Senhor Morto, numa tristeza contrita e profunda, depois íamos à igreja beijar o Cristo.

Quando morávamos na Rua da Ponte, seu Antônio Timóteo passava a manhã inteira reproduzindo na vitrola antiga, em disco de vinil, a via crucis da Paixão de Cristo, em volume bem alto e quase toda a rua escutava.

Era a história triste do filho de Deus que veio ao mundo para salvar a humanidade. E, na minha ingenuidade de menina, já me revoltava com a maldade do mundo. Me perguntava como era que aquelas pessoas tinham feito o Cristo sofrer tanto e ele tinha sido tão bom e tão fraterno.

Aquela história era tão triste que sempre me levava às lágrimas e quando fiquei mocinha e fomos morar na Tavares Bastos ia ver a Paixão de Cristo no cinema de seu Armando, mas era filme mudo em preto-e-branco e as cenas eram apenas fotografias estáticas, com legendas.

Também lembro que tinha o filme ‘Marcelino Pão e Vinho’; que eu me lembre foi o único que o meu pai foi e levou toda a família, eu era muito criança, mas lembro que a história era um enredo religioso.

Na Sexta-feira Santa, era dia de ir pedir a bênção aos nossos padrinhos de batismo; no meu caso, padrinho Durval Vieira e madrinha Nenzinha. Ele ia me buscar todo fim de semana para andar de jipe e eu ficava feliz com aquela atitude do meu querido padrinho. Nessa época do ano o ritual se repetia.

Meu padrinho mandava represar o açude da sua fazenda Sete Léguas e eu e Luciana (sobrinha de madrinha Nenzinha) nos metíamos naquela água, para observar de perto a pescaria. Era uma festa para mim tudo aquilo, além das muitas frutas que comíamos no sítio.

Segundo a crença da época, não era dia de bater nem de maltratar ninguém, como se bater fosse a punição indicada em dias comuns, nem gente nem animal (e era e em alguns casos, ainda hoje é assim) em respeito ao Cristo morto e crucificado.

Essa regra lá em casa só foi quebrada quando fiquei adolescente e adulta, quando eu já estava de namoro com meu ex-companheiro e minha mãe foi até a Avenida Monsenhor Clóvis à minha procura, com a finalidade de me pegar no flagra e me bater, inconformada com aquele relacionamento. E apanhei muito nesse dia quando cheguei em casa.

Feliz Páscoa para todos e que o domingo seja um dia de reflexão e não só de comer chocolate. Bom dia.

quarta-feira, 20 de março de 2024

Gratidão


Olívia de Cássia Cerqueira

 

Acertei o ponto do café: nem muito quente, nem frio. Bastaram duas colheres de pó, para meia garrafa de água. Ficou delicioso, amo café, embora tenha diminuído bastante, depois da aposentadoria.

Penso que nem sempre acerto o ponto. É como a nossa vida, nem sempre chegamos ao ideal. Mas até que ponto somos controlados por nosso inconsciente?

Li em algum lugar, que “às vezes, quando me pergunto por que fiz determinada escolha, percebo que, na verdade, eu não sei”. Nos alegramos por termos feito o certo, o que era para fazer.

 “Quando começamos a analisar a base de nossas escolhas de vida, sejam elas importantes ou bastante triviais, podemos chegar à conclusão de que não fazemos muita ideia”, escreve Magda Osman da BBC Future (The Conversation)*

Do contrário, nos arrependemos e ficamos martelando aquilo e nos perturbamos com isso. Não vale a pena quando isso acontece, porque só traz aborrecimentos.

E quando temos uma situação que não podemos intervir de vez,: apenas com paliativos? Mesmo assim o faço. Uso o que é oferecido aqui no Brasil, como paliativo.

Faço fisioterapia, fonoaudiologia, vou a neurologista, psicóloga, quando é possível e alguns poucos exercícios físicos que ainda são possíveis para evitar tentar retardar a evolução que me colocará em uma cadeira de rodas até que paralise todo meu corpo e eu venha a óbito.

Espero não chegar ate esse final degradante. Tomo alguns remédios para os sintomas de outros males, como ansiedade, muitas cãibras, dores e outros.

Tem horas que me interrogo se vale a pena tudo isso, mas procuro ser um pouco otimista e levar o resto dos meus dias com humor e rindo das minha própria sorte, quando levo quedas. Chamo um monte de palavrão e depois peço perdão a Deus e agradeço pelo livramento de não ter quebrado nem um osso até agora. Bom dia.

terça-feira, 19 de março de 2024

Mesmo assim

 


Olivia de Cássia Cerqueira

 

Do alto da varanda da minha casa, observo as construções lá na frente. Não fossem elas, dava pra ver o mar. Mesmo assim, quando anoitece e tudo silencia, ouço o barulho das ondas, quando a maré está cheia, além de escutar o apito dos navios chegando.

Acordo antes que o sol apareça e arrisco, depois do café, fazer pequenos exercícios, com receio de atrofiar de vez. Além da fisioterapia, nos dias intercalados.

Passo os dias, além disso, fazendo palavras cruzadas e lendo. Não posso deixar de ler.  Lamento não ter tempo mais de ler todos os livros que eu gostaria.

Os fragmentos que compõem a minha rotina, dão a medida do que procuro ser: uma pessoa melhor.  Peço a Deus, aos anjos e santos de luz, que me iluminem e me protejam de um mal maior.

Tento não me impressionar com o que pode ser mais complicado. Tudo isso representa a minha inquietude diante de mim. Penso nos antepassados que já se foram comprometidos por esse mal. Herança, que sem terem culpa, nos deixaram.

Os sentimentos, as dúvidas e incertezas me veem e nessas horas, tomo remédios e procuro não pensar no pior. O dia já começa abafado, faz muito calor. Já não digito um texto com a agilidade de antes, mas preciso colocar pra fora os sentimentos que me acometem. Parece que vai chover.

Seguirei em frente, mesmo que seja com a rotina diária. Preciso voltar a perder peso. Não posso carregar um corpo pesado, porque as forças diminuem.

Depois de uma certa idade, temos que os vigiar muito mais do que antes. Costumo fazer um balanço do que vivi e do que vivo agora. Preciso viver de acordo, com a idade e as limitações. Viva São José, padroeiro dos agricultores. Bom dia.

segunda-feira, 18 de março de 2024

Vai melhorar


Olívia de Cássia Cerqueira

 

Todos os dias, procuro repetir esse mantra. “Vai melhorar, tem que ter fé”. Sei que pode ser clichê para muita gente, mas na minha condição, sabendo que meu problema é genético e não tem cura, tenho que procurar alguma coisa que me faça sonhar.

Hoje acordei com as energias em baixa. Fui na fisioterapia, mostrei que não estava muito ativa, mas fiz os exercícios que tinha que fazer. Faz parte do pacote da Ataxia.

“A Ataxia descreve a coordenação anormal de movimentos, sendo caracterizada por deficiência na velocidade, amplitude de deslocamento, precisão direcional, e força de movimento.”

 É uma doença que na minha família nos acomete ao longo de muitos anos: homens, mulheres e até criança. Nós não entendíamos isso e era chamada “a doença da família”.

Os estudos sobre são muitos recentes: “ é uma doença degenerativa do sistema nervoso, também chamada de Ataxia espinocerebelar tipo 3, popularmente conhecida por “doença do tropeção”, ou marcha de bêbado.

Os  estudiosos afirmam que os atáxicos: ”perdem os movimentos espontâneos do rosto e se tornam mais lentos e tremem", detalham. A progressão da Machado-Joseph leva o paciente para a cadeira de rodas, em 10 ou 15 anos.

Segundo pesquisa feita por Dr. Laura, no Rio Grande do Sul, onde a expectativa de vida é de 78 anos, passa para 65 anos”. Em pensar que já estou com 64.

Rogo todos os dias para não chegar nessa dependência total de terceiros e atrofia dos músculos e membros. Prefiro que o Altíssimo tenha piedade de mim. Mas continuo com minha fé: vai melhorar. 

sexta-feira, 8 de março de 2024

Salve 8 de março


Olívia de Cássia Cerqueira

 

Hoje, 8 de março, especialmente, é dia de reverenciar todas as mulheres guerreiras, aquelas que têm jornada tripla e dupla, que trabalham e dão conta da família muitas vezes sozinhas.

Um dia de luta pelos Direitos da Mulher, contra o feminicídio e todas formas de violências de gênero. Um dia de muita reflexão.   Apesar da Lei Maria da Penha, o número de assassinatos e violência contra as mulheres, tem aumentado, mas as mulheres agora também têm se encorajado a denunciar mais.

Mas nãos basta só isso, é preciso punir com mais rigor os algozes, fazer campanhas de conscientização o ano todo, procurar educa-los, para que o ranço machista, possessivo, sejam observados e dizimados.

Chega de tanta exploração, violência e possessividade contra algumas mulheres. Que haja muito mais pioneirismos, e formas para que as mulheres lutem muito mais pelos seus direitos. Que haja muito mais atitudes.

"Durante vários séculos, as mulheres estiveram relegadas ao ambiente doméstico e subalternas ao poder das figuras do pai e do marido. Quando chegavam a expor-se ao público, elas deveriam estar acompanhadas e, geralmente, dirigiam-se para o interior das igrejas. A limitação do ir e vir era a mais clara manifestação do lugar ocupado pelo feminino nessa época.

Esse papel recluso da mulher passou a experimentar suas primeiras transformações no século XIX, quando o governo imperial reconheceu a necessidade de educação da população feminina. No final desse mesmo período, algumas publicações abordavam essa relação entre a mulher e a educação, mas sem pensar em um projeto amplo a todas as mulheres. O conhecimento não passava de instrumento de reconhecimento das mulheres provenientes das classes mais abastadas.

Além disso, no século XIX, surgiram os primeiros núcleos em defesa dos ideais feministas, tanto no Brasil quanto na América Latina em geral. Aqui no Brasil, o surgimento do movimento estava muito relacionado com a chegada dos ideais anarquistas e socialistas que haviam sido trazidos da Europa pelos imigrantes. Com isso, as mulheres passaram a estar presentes nas lutas por melhores salários e por melhores condições de trabalho."(Revista Nova Escola)

Veja mais sobre "Feminismo no Brasil" em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/feminismo.htm

Que saibamos agradecer às mulheres pioneiras, que começaram as lutas pela nossa independência. Salve Dandara, Alquatune, Berta Lutz, Frida Kalo, Maria da Penha, Dilma Russef e tantas outras companheiras e alguns companheiros progressistas.

segunda-feira, 4 de março de 2024

Mês de março


Olívia de Cássia Cerqueira

 

Sento-me diante do notebook, abrindo uma pagina em branco do Word, me recuperando de uma virose (Dengue), depois de afastada do Blog por cerca de dez dias.

Penso num tema para discorrer, mas eles são muitos que me vêm na imaginação, mas nenhum dos temas que vejo na mídia são novos: guerras insanas, violência se perpetuando, agressões às mulheres, crianças,  e outros que me revoltam.

Neste mês de março, dedicado às mulheres, é preciso não esquecer do protagonismo das companheiras, que provam sua competência, a cada dia.

E os machistas, misóginos e agressores, vão ficando para trás a cada dia. Pelo menos alguns, mostrando que o coronelismo não está com nada.

Alguns homens precisam reconhecer que ninguém é dono de ninguém. Resultado de muita luta das mulheres, ao longo de séculos, em especial das pretas, que foram muito mais exploradas.

Felizmente, o movimento feminino e o governo do PT, vêm empreendendo políticas públicas para amenizar ou tentar resolver questões que se discute há anos no movimento.

A Casa da Mulher Brasileira, no DF, com o objetivo de promover o bem-estar da população e acolher as mulheres em situações de violência,  de qualquer situação econômica ou escolaridade encontram alojamento por 48h – para filhas de qualquer idade e filhos até 12 anos, assistência de psicólogos, apoio e capacitação.

A Casa também centraliza o suporte às vítimas de violência doméstica, agilizando a resolução da ocorrência e define uma porta de saída para a crise, com o apoio da Defensoria Pública, do Ministério Público, da Polícia Civil e do Tribunal de Justiça.

Felizmente, em quase todo o país as instituições oficiais e entidades dos movimentos sociais vêm desenvolvendo ações nesse sentido, apesar das forças do mal quererem interromper ações que beneficiam os menos favorecidos.

Que sejamos respeitadas e que nossos direitos sejam garantidos. Salve o 8 de março,  Dia Internacional da Mulher. Bom dia!

 

sábado, 24 de fevereiro de 2024

De repente

 Olívia de Cássia Cerqueira

 

E de repente a gente tem um choque de realidade. Percebe que a vida não é um conto de fadas, que muito do que você sonhou a vida inteira, não aconteceu e que a vida é dura e não acontece nem a metade do que idealizou.

Não é o que queremos, mas o que tem que ser. “Esse final pode estar bem distante da vida de alguém”. Não é que eu tenha sido educada para viver “no mundo de Alice”.

Tudo o que aconteceu comigo, foi culpa minha, menos as limitações que tenho agora, além da velhice. Aos 64 já estou nessa classificação estatística. Tudo é fruto do que vivi e poderia ter vivido mais e muito melhor.

Cada um tem a sua história e somos o personagem principal dela. Como diz minha prima Maria “cada um com seu cada um”. Algumas pessoas são educadas quando crianças, dessa forma: “colocam em nossa mente que o mundo é maravilhoso e que tudo sempre acabará em um final feliz como nos contos de fadas”.

Embora eu tenha tido o choque de realidade muito cedo, com a perda de muitos entes queridos e vivenciando muitos problemas de saúde, tragédias na minha família desde muito cedo, sempre esperava o mais ou menos.

Em “A vida não é um Conto de Fadas - André Giarola, ele observa que “todos querem um ingresso para um parque de diversões, mundos mágicos, castelos, etc. Na vida há montanhas russas, mas poucos querem se aventurar. No mundo há vilões, mas ninguém quer combatê-los”.

“O autor oferece um ingresso especial para que você adentre em seu mundo mágico onde os finais são conturbados, cheio de curvas e pensamentos. A raiva, a angústia e a dor predominam e estão sempre à espreita. Um mundo que é realidade para muitos”, alguns mais que outros, digo eu.

Muitos pais querem que os filhos pensem exatamente como eles. Eu até entendo hoje esse querer. Mas na juventude tive problemas que hoje avalio que poderiam ter sido evitados.

Já a moçada de agora, observo eu, em sua maioria, tem tudo: liberdade de ir e vir,  e logo cedo  decidem o que querem, mas eles querem ser respeitados e  não respeitam ninguém. Querem ser ouvidos, mas não ouvem ninguém. Espero que os exemplos citados não sejam os seus. Bom dia.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Até quando?


Olívia de Cássia Cerqueira

 

Até quando as mulheres vão ser tratadas como seres inferiores e como propriedade privada por alguns homens e alguns setores da sociedade, em pleno século 21? A violência contra a mulher não é novidade, mas deve ser tratada como uma barbárie que deve ser combatida, cotidianamente.

Desde os anos 1980, do século passado, que bato nessa tecla. Em União dos Palmares fui colaboradora em alguns informativos e já naquela época discorria sobre o tema e já denunciava, quando nem se falava em machismo, homens misóginos e de mentalidade tacanha.

Na faculdade, desde 1983, também participei de movimentos de mulheres e passeatas, quando já denunciávamos as agressões sofridas por elas.

A violência cometida contra as mulheres, crianças e idosos é um ato dos covardes e assume muitas formas: violência física, psicológica, sexual e no caso das mulheres podem afetar desde o nascimento até a velhice.

Uma mulher violentada sofre uma série de problemas e precisa de muito apoio para se recuperar.

“As mulheres que experimentam a violência sofrem uma série de problemas de saúde, e sua capacidade de participar da vida púbica diminui, prejudica as famílias e comunidades de todas as gerações e reforça outros tipos de violência predominantes na sociedade”, observam os especialistas.

Pode-se afirmar que “A violência doméstica é a principal causa de morte e deficiência entre mulheres de 16 a 44 anos e mata mais do que câncer e acidentes de tráfego”.

De acordo com a Organização das Nações Unidas “(…) uma em cada três mulheres é maltratada e coagida a manter relações sexuais, ou submetida a outros abusos”, ainda bem que isso vem mudando.

Ban Aki, anos atrás,  observa que esse problema não está intrínseco apenas em uma cultura, uma região ou um país específicos, nem a grupos de mulheres em particular dentro de uma sociedade.

“As raízes da violência contra as mulheres decorrem da discriminação persistente contra as mulheres”, observa e eu acrescento, principalmente se for pobre e negra, ou favelada, principalmente.

Em 1994, o Brasil assinou o documento da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, também conhecida como Convenção de Belém do Pará.

Este documento define o que é violência contra a mulher, além de e explicar as formas que essa violência pode assumir e os lugares onde pode se manifestar.

Foi com base nesta Convenção que a definição de violência contra a mulher constante na Lei Maria da Penha foi escrita. O que diz a lei? A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) define que a violência doméstica contra a mulher é crime e aponta as formas de evitar, enfrentar e punir a agressão.

Também indica a responsabilidade que cada órgão público tem para ajudar a mulher que está sofrendo a violência. Por trás da história da violência contra a mulher, há uma longa lista de fatos: desconhecimento, falhas na legislação, descompromisso social, falta de solidariedade e, acima de tudo, o silêncio e o medo de denunciar os agressores, que ainda existe nos lares em que há dependência financeira e emocional.

 Esses dois últimos itens são os maiores aliados desse crime. Não podemos nos calar diante dos fatos. Fiquemos de olho, sempre e não deixemos por menos. Denuncie. Bom dia.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Sem querer


Olívia de Cássia Cerqueira


E sem querer fui lembrando da minha infância, na saudosa Rua da Ponte. Em quantas histórias a enchente de 2010 levou e destruiu. Já não morava lá há muitos anos, mas a lembrança daquele tempo me povoa a mente.

Nos ambos 1960, para as crianças era uma festa ver o rio enchendo, os meninos pulando da ponte, preocupando ainda mais os adultos.

Tinha uma lagoa por trás da nossa casa, braço do rio Mundaú, que mamãe se baseava com uma vareta, para marcar o nível do rio. Nas primeiras enchentes que mamãe presenciou, ela contava para os filhos que meu avô Manoel, que era muito turrão, não queria sair da casa em que morava. E só saiu amarrado pela cintura para passar na ponte.

Por conta das muitas enchentes que a preocupava, anos depois, e eu já com nove anos, meus pais compraram uma casa na rua Tavares Bastos, que tinha vizinho um grande terreno, ambos pertenciam a Dr, Hamilton Baia, filho de dona Helena, proprietária da fazenda Anhumas.

Era uma propriedade no centro da cidade e longe do perigo que nossa casa na rua da Ponte proporcionava. Mas o comércio do meu pai continuou por lá, só desfazendo-se da mercearia e do armazém, tempos depois.

Mas antes da aposentadoria de papai, meus irmãos tomaram conta por um tempo. As casinhas de aluguel que tinham por lá, também foram vendidas, por necessidade para pagar despesas hospitalares de mamãe, ou para passar para o nome dos filhos, que também venderam, isso já no começo dos anos 80

Foi o mais acertado, porque anos depois, em 2010, a fúria das águas levou tudo e só ficaram lembranças para quem morou ou costumava andar por ali.

Hoje em dia, sempre que vou a União dos Palmares visito o local e dá uma saudade danada de lembrar as famílias na porta das casas, colocando os assuntos em dia, fosse falando da vida alheia, ou não.

As crianças aguardando o moço que vendia algodão doce, ou o do quebra-queixo, o carrinho de pipoca ou outras guloseimas que eram comercializadas por ali. São doces lembranças que o tempo não apaga. Bom dia.

 

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Hipocrisia


Olívia de Cássia Cerqueira

 

Segundo o Wikipédia é:” é o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa na verdade não possui, frequentemente exigindo que os outros se comportem dentro de certos parâmetros de conduta moral que a própria pessoa extrapola ou deixa de adotar”

Nos últimos dias, a grande imprensa, direitistas e outros mais, reagiram ferozmente nas redes sociais sobre as declarações do presidente Lula, sobre Israel e o Holocausto é 'ignorante' e 'deve ser condenada': as reações na imprensa.

Estranhamente, esses mesmos setores não reagiram da mesma forma, quando  ‘inominável’  apareceu numa foto, abraçado e sorrindo com a neta de um nazista.

Num primeiro momento, fiquei apreensiva com a declaração do presidente Lula, porque tinha certeza de que a mídia e a direita iam explorar o assunto, “até o último sumago” (expressão que minha mãe costumava usar).

Na verdade, o que o presidente disse, muita gente gostaria de ter dito, mas não teve coragem de dizer. Lembre das beatas que vão a algumas missas, escutam a homilia de algum padre, aplaude-o e depois sai falando do padre e fofocando sobre o que  ele  disse.

Lula não tem que pedir desculpa para essa gente, mas talvez o faça por diplomacia. Em política e em sociedade há muita hipocrisia.

O bispo Bepe Damasco disse no site Brasil 247, que “Em uma das coberturas mais calhordas, da história do jornalismo, só há espaço para porta-vozes der entidades sionistas”.

“Os sionistas religiosos acreditam que a criação de Israel é um cumprimento de profecias bíblicas e veem o estabelecimento do Estado como parte da vontade divina. Eles estão profundamente ligados à observância religiosa e à manutenção de lugares sagrados judaicos na Terra de Israel”.

Para entender o assunto acesse https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/sionismo.htm#:~:text=Sionismo%20religioso%3A%20Os%20sionistas%20religiosos,judaicos%20na%20Terra%20de%20Israel.

Bom dia!

 

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

A sociedade prepara mal o cidadão

 


Olivia de Cássia Cerqueira

 

O século 21 já tem mais de duas décadas, e mesmo assim, apesar de tantos avanços no geral, a sociedade ainda prepara mal o cidadão, isso em vários aspectos.

O mundo enfrenta problemas com drogas, fabricação de bombas nucleares, aumento de assaltos, violência, mundo rico  x mundo pobre, preconceitos de todo o tipo, atraso de pensamentos herdado dos séculos passados, xenofobismo, crises diversas.

Segundo o site da BBC Brasil, “o maior perigo do século 21 é o próprio homem, com tanta desigualdade, fome, sede (de justiça e de água), carência religiosa e tantos outros fatores que fazem com que o homem se torne uma ameaça para si mesmo, com a devastação de áreas verdes, abuso de poder e outros”.

Falta ainda educação. Passamos no Brasil um período de atraso e obscuridade que nos deixou várias consequências, em vários aspectos. Felizmente o atual governo prioriza muita educação e a saúde. 

No retorno da Conferência Nacional de Educação após seis anos. O presidente Lula destaca a importância de investir no segmento e ressalta anúncios recentes, como o programa Pé-de-Meia e a instalação do ITA no Ceará, no dia 3º de janeiro passado.

“As prioridades do nosso governo são duas: a educação e a saúde pública. E, em terceiro lugar, a cultura, porque sem cultura nenhum país vai a lugar nenhum “, afirmou o presidente.

Que Deus o proteja para que cumpra um terço das promessas de campanha, no que se refere aos programas sociais, para que tenhamos uma sociedade mais justa, e um Brasil melhor. E tenho dito. Bom dia.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Dois de fevereiro

 


Olivia de Cássia Cerqueira

 

Hoje é dia do maior evento de turismo religioso da cidade de União dos Palmares: a festa da Padroeira da cidade. Quando eu era adolescente e jovem não perdia um dia de festa, era um acontecimento.

Meu pai, que era devoto da santa, também comparecia ao evento, até o dia que ficou impossibilitado, devido ao agravamento da Ataxia. Tinha promessa com ela, por ter ficado curado de uma tuberculose nos ossos e ter sido desenganado pelos médicos, de Maceió e Recife.

Era o dia mais esperado do evento apesar de que que eram nove noites, de novena e festa que começava com a procissão a bandeira, no dia 23 de janeiro. No entanto, oficialmente, a data é 22 de julho dedicado a orações para os devotos e pedidos para que ela interceda na vida de todos nós.

Antigamente, na Terra de Jorge de Lima e de Zumbi, os festejos dedicados à santa eram realizados em julho,  mas o evento foi transferido para janeiro\fevereiro por conta do período chuvoso no município.

Os festejos, para os católicos, iniciam com a procissão do mastro, no segundo domingo de janeiro, que reúne mais de 20 mil pessoas, numa demonstração de fé e homenagem a nossa padroeira.

No local da concentração, na Rua Juvenal Mendonça, muita gente se aglomera e aproveita para se confraternizar e rever os amigos que moram fora da cidade.

Ciclistas, cavaleiros e amazonas, motos, carroças, pessoas a pé acompanham a procissão. Fé e religiosidade, um sentimento em cada rosto que com a sua obrigação de religioso, paga penitências e promessas. Pessoas aproveitam para registrar a procissão, com celulares, máquinas e filmadoras.

Era tempo dos encontros, dos telegramas, das paqueras. Isso na década de 1970. O evento foi se modernizando, ao longo anos. E Hoje em dia, tudo mudou, para pior, cuja programação, acontece na  beira do rio Mundaú, na Rua do Jatobá, desagradando muita gente.

QUEM FOI

 

segundo relatos dos especialistas na biografia de Madalena, era uma mulher que tinha uma visão à frente do seu tempo. Durante séculos a igreja ocultou a importância desta mulher, chamando-a de prostituta e ainda hoje tem machistas, misóginos que assim o faz.

Conta a história que Santa Maria Madalena foi primeira testemunha da Ressurreição de Jesus.  Chamada de apóstola dos apóstolos, nomeada por São Tomás de Aquino, “o nome deriva de Magdala, onde nasceu, na aldeia de pescadores situada às margens ocidentais do Lago de Tiberíades”

Viva Matia Madalena. Que ela  proteja a todos nós e interceda junto ao Pai, pela nossa saúde.

 

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Já é carnaval



 Olívia de Cássia Cerqueira

 

Já é carnaval de novo, ou quase. O Carnaval de 2024 iniciará oficialmente no dia 13 de fevereiro, terça-feira.  Agora me restam as lembranças da juventude, que nessa época de folia, me vêm à memória.

Dos pulos que eu dava na Palmarina, ou na Praça Basiliano Sarmento, nas décadas de 1970 e 1980, em União dos Palmares. E dançava e pulava feito cabrito e só parava nos intervalos do baile.

Vale lembrar das paqueras, nas farras que fazia com os amigos, pelas ruas da cidade. Algumas atitudes minhas, se pudesse voltar no tempo, hoje não faria mais, me serviram de lição.

Os erros e acertos da juventude, agora fazem parte do passado, só vale lembrar o que foi bom, se é que alguma coisa valeu a pena. Tenho que pensar afirmativamente agora, pois já não posso estar nas festas e hoje acompanho o que posso, pela TV.

 Lembro que minha mãe, que apesar dos preconceitos e preocupação com a minha integridade física, que eu não entendia os motivos, me dizia: “ felizes são os artistas, que vivem sorrindo”.

Eu não tinha controle da minha rotina diária, era muito ingênua e sonhadora e apesar das leituras que fazia, acreditava nas pessoas, me rendia a qualquer situação que me fizesse acreditar que eu valia a pena e no outro dia me envergonhava.

“Mudanças físicas e psíquicas perpassam a construção da sexualidade na adolescência. Compreensão e diálogo são fundamentais durante esse processo”, mas não existiam naquele tempo, entre meus familiares. 

Era um tempo de muita desinformação. Era como se eu tivesse cometido algum pecado, pois tudo era proibido, apesar de só ter acontecido entre mim e aqueles paqueras, beijos e "amassos" e não tinha sexo naquelas brincadeiras de adolescente, pelo menos comigo, não que eu fosse melhor do que as outras meninas.

... Mas mudando um pouco de assunto, ou de "pau pra cacete", como de diz no popular,  o calor está me sufocando, não me faz bem. Mas o dia está ensolarado e lindo lá fora, dá vontade de ver o mar.

 Se eu pudesse ir sozinha, fazia como antes: vestia roupas apropriadas, pegava minha bolsa e iria pegar a van no posto de gasolina, perto de casa, rumo à praia do Francês, como fazia antes, quando ainda tinha mais firmeza nas pernas e o corpo obedecia. Era tão maravilhoso!

A cabeça dói, a ansiedade vem, é hora de dar uma pausa, ler um pouco e fazer Cruzadas, como tenho feito. Até outro dia. Boa Folia. Bom carnaval para todos!

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Festa de Santa Maria Madalena movimenta União dos Palmares

Olívia de Cássia Cerqueira

 Mais um ano que não compareço à procissão do mastro da festa de Santa Maria Madalena, em União dos Palmares, minha terra, que este ano completa 189 anos oficialmente, mas há quem diga que é muito mais antiga.

Um evento que faz parte do turismo religioso do local, faz parar a cidade, para assistir ou acompanhar o evento. Este ano, o pé de eucalipto doado por um fazendeiro da cidade possui 20 metros e foi erguido em frente à Igreja Matriz.

O momento do erguimento do mastro é uma emoção à parte. E eu ficava com frio na barriga, porque segundo a lenda na cidade, se o mastro cair o ano não será próspero. Lendas a parte, a festa não teve a divulgação merecida.

Uma pauta que avalio como importante para os moradores locais. Seria as mudanças que os padres e a Comissão   Organizadora efetuaram na festa, segundo informações de moradores do local.


Me perdoem quem aprovou a transferência das atrações musicais principais para a Rua do Jatobá. NJa praça, apenas o estilo Gospel.

É certo que a parte acústica ficava a desejar, devido o volume muito alto e a colocação do excesso de mesas na praça Basiliano Sarmento, dificultando os transeuntes que costumavam se confraternizar com os amigos, visitantes de outros estados, ou não.

Todo ano, antes das dificuldades de locomoção se acentuarem, eu estava lá, registrando o evento. Rever os amigos da infância ou outros era uma felicidade.

Além da demonstração da fé, muitos empregos são criados nessa época, movimentando a economia local. A festa cresceu, se  agigantou e os brinquedos, que antes ficavam armados ao lado da igreja matriz foram colocados, com o passar dos anos,  na Avenida Monsenhor Clóvis e no pátio da antiga Estação Ferroviária.

A atual logística do evento lembra um pouco de como era na nossa lembrança da infância distante, mas está muito longe de ser como era. Eram nove noites de muita movimentação.

A festa de Santa Maria Madalena não tem mais aquele romantismo de antes, o correio sentimental (os telegramas), que eram atração no evento e eram lidos por seu Maurino Veras e equipe.

Tenho saudade daquele tempo de ingenuidade e alegria, quando a gente se confraternizava com os amigos, sem violência. Também as músicas que eram tocadas na festa vinham do serviço de alto falantes Palmares, igualmente de Maurino Veras, pai da minha amiga de infância Rosemary Veras.

As mesas da festa não eram tantas e não tinha esse viés comercial dos últimos anos, antes da pandemiaa, quando se colocava na praça quase 500 unidades.

Outras cidades do interior de Alagoas também celebram suas padroeiras nessa época do ano, mas festejar Santa Maria Madalena é lembrar do seu poder perante os católicos e aqueles que têm fé.

É lembrar da nossa infância, adolescência e juventude, quando vivíamos nossos melhores momentos. Que Santa Maria Madalena proteja todos palmarinos de todo o mal. Viva Santa Maria Madalena.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Os equívocos


Olívia de Cássia Cerqueira

Sim, como todo ser humano, já cometi alguns equívocos. Quando julguei inapropriadamente o meu próximo, quando me comportei mal, fui grosseira com a minha mãe e na juventude , como todo adolescente da época, ou quase todos, eu só queria contrariar.

Tive educação pequeno-burguesa, com contradições cotidianas. Muitas situações só fui ter noção quando entrei na faculdade e o contato que tive com o diferente, com ensinamentos, até então, sem explicação para mim.

Mesmo sonhando com um mundo melhor para todos, desde muito cedo, na independência das mulheres, seu empoderamento e outras causas sociais, diferente do que pensava a maioria dos amigos do interior.

Minha mãe não tinha instrução escolar, ou tinha o mínimo do que era possível na roça dos anos 30. Apesar disso, ela era sábia e tinha noção da importância da família para uma educação pautada no empoderamento das meninas.

Ela defendia que eu estudasse e viajasse, mas não queria que eu me envolvesse com os meninos. E quando percebia meu interesse por algum deles, ia até a casa de alguns e pedia que se afastassem da filha.

Coisas de mamãe que eu não entendia e me revoltava. Tenham um bom dia, com vivências valorosas. Feliz Ano-novo!

Semana Santa

Olívia de Cássia Cerqueira (Republicado do  Blog,  com algumas modificações)   Sexta-feira, 29 de abril, é Dia da Paixão de Cristo. ...