terça-feira, 19 de março de 2024

Mesmo assim

 


Olivia de Cássia Cerqueira

 

Do alto da varanda da minha casa, observo as construções lá na frente. Não fossem elas, dava pra ver o mar. Mesmo assim, quando anoitece e tudo silencia, ouço o barulho das ondas, quando a maré está cheia, além de escutar o apito dos navios chegando.

Acordo antes que o sol apareça e arrisco, depois do café, fazer pequenos exercícios, com receio de atrofiar de vez. Além da fisioterapia, nos dias intercalados.

Passo os dias, além disso, fazendo palavras cruzadas e lendo. Não posso deixar de ler.  Lamento não ter tempo mais de ler todos os livros que eu gostaria.

Os fragmentos que compõem a minha rotina, dão a medida do que procuro ser: uma pessoa melhor.  Peço a Deus, aos anjos e santos de luz, que me iluminem e me protejam de um mal maior.

Tento não me impressionar com o que pode ser mais complicado. Tudo isso representa a minha inquietude diante de mim. Penso nos antepassados que já se foram comprometidos por esse mal. Herança, que sem terem culpa, nos deixaram.

Os sentimentos, as dúvidas e incertezas me veem e nessas horas, tomo remédios e procuro não pensar no pior. O dia já começa abafado, faz muito calor. Já não digito um texto com a agilidade de antes, mas preciso colocar pra fora os sentimentos que me acometem. Parece que vai chover.

Seguirei em frente, mesmo que seja com a rotina diária. Preciso voltar a perder peso. Não posso carregar um corpo pesado, porque as forças diminuem.

Depois de uma certa idade, temos que os vigiar muito mais do que antes. Costumo fazer um balanço do que vivi e do que vivo agora. Preciso viver de acordo, com a idade e as limitações. Viva São José, padroeiro dos agricultores. Bom dia.

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Palavras da autora

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