Olívia de Cássia Cerqueira
E sem querer
fui lembrando da minha infância, na saudosa Rua da Ponte. Em quantas histórias
a enchente de 2010 levou e destruiu. Já não morava lá há muitos anos, mas a
lembrança daquele tempo me povoa a mente.
Nos ambos 1960,
para as crianças era uma festa ver o rio enchendo, os meninos pulando da ponte,
preocupando ainda mais os adultos.
Tinha uma
lagoa por trás da nossa casa, braço do rio Mundaú, que mamãe se baseava com uma
vareta, para marcar o nível do rio. Nas primeiras enchentes que mamãe
presenciou, ela contava para os filhos que meu avô Manoel, que era muito
turrão, não queria sair da casa em que morava. E só saiu amarrado pela cintura
para passar na ponte.
Por conta
das muitas enchentes que a preocupava, anos depois, e eu já com nove anos, meus
pais compraram uma casa na rua Tavares Bastos, que tinha vizinho um grande terreno,
ambos pertenciam a Dr, Hamilton Baia, filho de dona Helena, proprietária da fazenda
Anhumas.
Era uma
propriedade no centro da cidade e longe do perigo que nossa casa na rua da
Ponte proporcionava. Mas o comércio do meu pai continuou por lá, só
desfazendo-se da mercearia e do armazém, tempos depois.
Mas antes da
aposentadoria de papai, meus irmãos tomaram conta por um tempo. As casinhas de
aluguel que tinham por lá, também foram vendidas, por necessidade para pagar
despesas hospitalares de mamãe, ou para passar para o nome dos filhos, que
também venderam, isso já no começo dos anos 80
Foi o mais
acertado, porque anos depois, em 2010, a fúria das águas levou tudo e só
ficaram lembranças para quem morou ou costumava andar por ali.
Hoje em dia,
sempre que vou a União dos Palmares visito o local e dá uma saudade danada de
lembrar as famílias na porta das casas, colocando os assuntos em dia, fosse
falando da vida alheia, ou não.
As crianças
aguardando o moço que vendia algodão doce, ou o do quebra-queixo, o carrinho de
pipoca ou outras guloseimas que eram comercializadas por ali. São doces lembranças
que o tempo não apaga. Bom dia.
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