Olívia de Cássia Cerqueira
(Fotos Olívia de Cássia-arquivo)
Em 16 de
abril de 2012, estava lá, como sempre fazia, sentei aos pés da estátua do guerreiro
Zumbi, depois de fotografar vários cantos do Parque Memorial Quilombo dos
Palmares, que já fiz leitura fotográfica em outras oportunidades e sempre que
visito. Tenho um acervo fotográfico com
o tema.
Lembro que
era um domingo um dia especial para
dezenas de crianças carentes da comunidade da Várzea Grande, em União dos
Palmares. Aalém de participar de brincadeiras, aprenderam in loco um
pouco da nossa história de resistência.
Aprenderam
que foi lá, na Serra da Barriga, que Zumbi resolveu se refugiar, fugindo da
opressão e da escravidão e formou um exército de mais de 30 mil homens, que
lutaram incansavelmente pelo seu povo, para livrá-los daquela situação de
subordinação.
Há cinco
anos, desde 2017, quando fui diagnosticada com Ataxia, que não frequento a
Serra da Barriga, no dia 20 de novembro. Diferente de muitos anos outros. Visitar
aquele solo sagrado neste dia, era obrigação, fosse de carona ou a pé, como
muita gente faz.
Na ultima
vez que estive lá nesta data, devido ao sol muito quente, próprio do local, tive uma sensação de desmaio, me escorei numa
pequena árvore, perto de uma senhora muito gentil e fui me abaixando até sentar
e melhorar daquele mal-estar. Ainda frequento em outros dias, muito raramente,
quando posso e vou à minha terra, com meu amado irmão e gostaria de poder ir
com mais frequencia.
Há 328 anos,
completados hoje, Zumbi foi assassinado, quando lutava contra seus algozas, mas
o preconceito ainda não acabou, o ódio o feminicídio e todas as formas de violência
são causas incluídas nessa luta.
Na terra
encantada onde se deu o primeiro grito de liberdade do Brasil, gostaria der
estar hoje, para amenizar o aperto no
peito que sinto, desde ontem, pela perda do meu pet já idoso, nem também aquela angústia incontida que não
sabia de onde vinha.
A Serra da
Barriga me renova as energias. Eu preciso ir lá novamente, para receber aquelas forças sagradas, para me
revigorar, pois estou precisando desse banho de bênçãos.
A gente não
sabe de onde vêm os sentimentos, mas os sentimentos vêm da alma da gente, do
coração e da mente. O corpo responde aos estímulos que a gente dá. Na Serra da
Barriga, quando estou lá, vou ao encontro das minhas raízes.
Hoje deveria ser um feriado nacional na essência da palavra. Em alguns estados do país isso não acontece, mas precisamos dar ao 20 de novembro a verdadeira importância que ele teve. Que hoje a semente da liberdade, do amor e da paz se espalhe em cada um de nós. Viva Zumbi e todos os heróis que lutaram pela liberdade.
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