segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Invisibilidade social


Olívia de Cássia Cerqueira

 

O tema da redação do Enem esse ano de 2023 (Desafios para o Enfrentamento da invisibilidade do trabalho e de cuidado realizado pela mulher no Brasil), tratou de um assunto que agradou, por estar na pauta dos movimentos femininos do mundo, desde muito tempo e serviu para um alerta a muita gente por aí, que ainda acha que o trabalho doméstico não tem valor. Pelo menos no Brasil.

Quando entrei na Ufal, tive contato com mulheres maravilhosas, que me levaram a ler livros sobre a luta das mulheres e me identifiquei de pronto com o tema que sempre defendi, mesmo sem ter pleno conhecimento da questão.

Ainda adolescente, enfrentei preconceitos em União dos Palmares, por defender certos temas, considerados “tabus”, “por ser uma mocinha que gostava de ler muito”. Era assim que alguns namorados de amigas me conceituavam, com o objetivo de que não andassem comigo, para não serem influenciadas por mim.

A luta das mulheres não é recente; é secular. Desde a origem da família da propriedade privada e do estado, como bem descreveu Engels, em seu livro homônimo, baseado nos estudos de Bachofen (Johann Jakob Bachofen (1815 – 1887) foi um jurista e antropólogo suíço, professor de Direito romano na Universidade de Basileia, de 1841 a 1845).

”Engels reconheceu no trabalho de Bachofen a imagem de uma espécie de comunismo primitivo, tanto denunciando a subjugação do gênero feminino, como sua contribuição para a evolução da civilização humana”, escreve a  revista Sibila.

Mas foi Paul Lafargue em seguida quem aprofundou e disseminou a leitura de Bachofen feita por Engels através de uma ideia revolucionária de matriarcado.

No Matriarcado, os homens saíam para a guerra e as mulheres ficavam em casa, cuidando da agricultura, que era considerada uma atividade sem valor.

E tudo começou quando 128 mulheres foram queimadas vivas, dentro da fábrica Coton, em Nova York, porque reivindicavam a diminuição da carga horária, de 14 para dez horas. E muitos outros e outras estudiosos e estudiosas começaram a estudar a questão.

Uma pauta que tem muito assunto ainda para ser discutido no Brasil e no mundo, mesmo no Século 21, em que muitos avanços foram conseguidos, mas que nem a Lei Maria da Penha, sancionada pelo presidente Lula, Lei nº 11.340/2006, com o objetivo de coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra as mulheres, conseguiu que a violência e o preconceito fossem dizimados.

Recomendo muita leitura e debates sobre a questão, ainda temos muito que nos atualizar.

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Palavras da autora

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