Olívia de Cássia Cerqueira
Já estamos
no clima de verão e ainda não é a estação mais quente. O Nordeste é assim, “um sol
para cada um”. Nesse clima vou seguindo a minha luta. A vida continua e ela é
bela, apesar de tudo.
Rogo a Deus
e aos seres de luz, todos os dias, para não me deixar perecer, que me fortaleça
a cada dia, tanto espiritualmente, quanto fisicamente.
Não sei se
tenho medo da morte, mas ultimamente tenho pensado muito nela, não nego. Se vai
doer quando ela chegar, só o tempo vai dizer. Eu tenho medo de ter medo. Medo
de um dia não poder mais responder por mim. O que será de mim?
Tenho medo
de não poder mais ver o mundo. Tenho medo da dependência física de terceiros
para as coisas mínimas. Quero ser forte se esse dia chegar, mas não quero pena
de ninguém. Será o que tiver que ser.
Sinto o
cheiro da minha terra no ar. Seria tão bom se o tempo pudesse voltar, nem que
fosse por alguns minutos e eu pudesse reviver tudo aquilo: minha mãe à beira da
minha cama com um remédio para passar minhas dores, ou na cozinha, preparando alguma coisa
para a gente comer.
Meu pai ali,
relembrando sua dura vida de criança, mas dando boas gargalhadas da situação
vivida e a gente rindo das histórias dele. Nossa casa cheia de familiares para
o almoço, recebendo visita dos parentes do Rio de Janeiro. Tudo uma alegria só;
era tão bom.
Lá vou eu de
novo, nesse turbilhão de lembranças do passado, aquelas que realmente valeram a
pena e marcaram a minha vida. Acho que estou realmente no fim. É quando a gente
começa a remoer o passado, fazer contabilidade do que viveu, balanço do que
valeu a pena e o que não valeu, a gente acumulou experiências.
Quero força para continuar lutando por uma vida melhor, por dignidade e qualidade de vida. A vida é cheia de contrastes, de desigualdades e preciso estar forte, consciente e preparada para enfrentar o que vier por aí. Boa tarde.
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