sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Clima de verão


Olívia de Cássia Cerqueira

 

Já estamos no clima de verão e ainda não é a estação mais quente. O Nordeste é assim, “um sol para cada um”. Nesse clima vou seguindo a minha luta. A vida continua e ela é bela, apesar de tudo.

Rogo a Deus e aos seres de luz, todos os dias, para não me deixar perecer, que me fortaleça a cada dia, tanto espiritualmente, quanto fisicamente.

Não sei se tenho medo da morte, mas ultimamente tenho pensado muito nela, não nego. Se vai doer quando ela chegar, só o tempo vai dizer. Eu tenho medo de ter medo. Medo de um dia não poder mais responder por mim. O que será de mim?

Tenho medo de não poder mais ver o mundo. Tenho medo da dependência física de terceiros para as coisas mínimas. Quero ser forte se esse dia chegar, mas não quero pena de ninguém. Será o que tiver que ser.

Sinto o cheiro da minha terra no ar. Seria tão bom se o tempo pudesse voltar, nem que fosse por alguns minutos e eu pudesse reviver tudo aquilo: minha mãe à beira da minha cama com um remédio para passar minhas dores, ou na cozinha, preparando alguma coisa para a gente comer.

Meu pai ali, relembrando sua dura vida de criança, mas dando boas gargalhadas da situação vivida e a gente rindo das histórias dele. Nossa casa cheia de familiares para o almoço, recebendo visita dos parentes do Rio de Janeiro. Tudo uma alegria só; era tão bom.

Lá vou eu de novo, nesse turbilhão de lembranças do passado, aquelas que realmente valeram a pena e marcaram a minha vida. Acho que estou realmente no fim. É quando a gente começa a remoer o passado, fazer contabilidade do que viveu, balanço do que valeu a pena e o que não valeu, a gente acumulou experiências.

Quero força para continuar lutando por uma vida melhor, por dignidade e qualidade de vida. A vida é cheia de contrastes, de desigualdades e preciso estar forte, consciente e preparada para enfrentar o que vier por aí. Boa tarde.

Nenhum comentário:

Palavras da autora

Olivia de Cássia Cerqueira   Pela primeira vez me arrisco na “ficção”. É este “Antes que seja tarde” o meu quinto livro, que espero não ...