sábado, 8 de maio de 2021

O despertar

Olívia de Cássia Cerqueira

 

Amanheceu. Olhei-me no espelho e tive um susto. Quem é essa mulher, tão envelhecida pelo tempo? Com manchas e rugas na cara, cujo semblante eu desconheci?

Onde foram parar minha juventude e suposta saúde, me perguntei? Os tombos e as quedas promovidos pela falta de coordenação, já não me assustam e até são motivos de piadas: minhas e dos outros.

Em tempos de pandemia também somos obrigados a nos recolher, a não ver os amigos, restringir saídas e a fazer reflexões; sejam elas curtas ou não. E isso vai nos consumindo aos poucos.

O tempo vai nos modificando e nos deixando várias marcas: no corpo e na alma. E do ano passado para cá, muitas perdas irreparáveis. E lá se vão mais de 400 mil mortes no Brasil, muito mais do que numa guerra civil.

Me inquieto e me revolto com tudo isso, mas preciso resguardar o pouco que ainda me resta de lucidez e caminhar. Eu diria que o coronavírus vai mudar nossas vidas de forma permanente. Depois que isso tudo passar, nunca mais seremos os mesmos.

“Em muitos países, as escolas estão fechadas. O mesmo vale para teatros, cinemas, bares e restaurantes. Recomenda-se não viajar, seja por lazer ou por trabalho. Muitas fronteiras estão fechadas”, diz um texto no site da BBC Brasil, de Johann Fortwengel, em 27 março 2020.

Ele afirma que “a maioria das pessoas pode imaginar que todas essas medidas para combater o vírus são temporárias e que em algum momento — em dois, seis ou talvez doze meses — a vida voltará ao normal”, mas na avaliação dele, isso não vai acontecer.

Muitas mudanças podem ser permanentes: sistemas sociais, a maneira de nos relacionar.

“Às vezes, essa janela de oportunidade é propositadamente conduzida para mudar o curso das coisas”, escreve, acrescentando que após o desastre de Fukushima, no Japão, em 2011, a chanceler alemã, Angela Merkel, decidiu, sem pensar muito, que a Alemanha deixaria de confiar na energia nuclear.

“Em outros casos, mudanças revolucionárias ocorrem quase por acidente, como foi o caso da queda do Muro de Berlim”, analisa. E fica a reflexão para nós: como será?

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