Olívia de Cássia Cerqueira
Amanheceu.
Olhei-me no espelho e tive um susto. Quem é essa mulher, tão envelhecida pelo
tempo? Com manchas e rugas na cara, cujo semblante eu desconheci?
Onde
foram parar minha juventude e suposta saúde, me perguntei? Os tombos e as
quedas promovidos pela falta de coordenação, já não me assustam e até são
motivos de piadas: minhas e dos outros.
Em
tempos de pandemia também somos obrigados a nos recolher, a não ver os amigos,
restringir saídas e a fazer reflexões; sejam elas curtas ou não. E isso vai nos
consumindo aos poucos.
O
tempo vai nos modificando e nos deixando várias marcas: no corpo e na alma. E
do ano passado para cá, muitas perdas irreparáveis. E lá se vão mais de 400 mil
mortes no Brasil, muito mais do que numa guerra civil.
Me
inquieto e me revolto com tudo isso, mas preciso resguardar o pouco que ainda
me resta de lucidez e caminhar. Eu diria que o coronavírus vai mudar nossas
vidas de forma permanente. Depois que isso tudo passar, nunca mais seremos os
mesmos.
“Em
muitos países, as escolas estão fechadas. O mesmo vale para teatros, cinemas,
bares e restaurantes. Recomenda-se não viajar, seja por lazer ou por trabalho.
Muitas fronteiras estão fechadas”, diz um texto no site da BBC Brasil, de Johann
Fortwengel, em 27 março 2020.
Ele
afirma que “a maioria das pessoas pode imaginar que todas essas medidas para
combater o vírus são temporárias e que em algum momento — em dois, seis ou
talvez doze meses — a vida voltará ao normal”, mas na avaliação dele, isso não
vai acontecer.
Muitas mudanças podem ser permanentes:
sistemas sociais, a maneira de nos relacionar.
“Às vezes, essa janela de oportunidade é
propositadamente conduzida para mudar o curso das coisas”, escreve,
acrescentando que após o desastre de Fukushima, no Japão, em 2011, a chanceler
alemã, Angela Merkel, decidiu, sem pensar muito, que a Alemanha deixaria de
confiar na energia nuclear.
“Em outros casos, mudanças revolucionárias ocorrem quase por acidente, como foi o caso da queda do Muro de Berlim”, analisa. E fica a reflexão para nós: como será?
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