Por Olívia de Cássia Cerqueira
Por causa do
medo que eu tinha de tomar iniciativas que eu queria e precisava tomar, eu
perdi algumas oportunidades de crescer e me realizar profissionalmente e
pessoalmente, da maneira que sempre sonhei. O medo é uma limitação que nos
aprisiona.
Dizem que
ter medo de reconhecer erros é abdicar de todo potencial que pode ser
descoberto após transcendê-los. Sonhei com muitas viagens, com reconhecimento
profissional, em cobrir conflitos externos e em ser uma pessoa melhor.
Sempre fui
uma sonhadora, idealista e luto por um mundo melhor para todos. No momento de
agora, mais cética diante da atual conjuntura, não deixo de lutar pelos meus
ideais, embora eu tenha mais paciência para determinadas situações. Ninguém é
perfeito.
Agora na
maturidade e fora do mercado de trabalho por conta da aposentadoria, estou em
paz. Não pensei que fosse me acostumar tão logo afastada do trabalho, da
reportagem, que sempre foi o meu sonho. Agora não adianta arrependimentos e
frustrações.
Ninguém quer
ter um problema de saúde grave, para se afastar do trabalho. A ataxia vai nos
limitando, roubando os nossos movimentos, nos tornando mais frágeis. Mas ainda
quero viver muitas situações de prazer pessoal, conhecer outras culturas e
espero que não seja tarde demais.
Que ainda me
seja dada uma oportunidade de melhorar, uma prorrogação, para que eu possa
desfrutar o momento de agora. Talvez a psicologia explique o motivo de eu ter
tanto medo e ter me libertado desse sentimento que vai nos consumindo e
acabando com a autoestima.
Minha saudosa
mãe, no seu cuidado e vigilância dobrada com a minha pessoa, àquela época, me
dava muitos conselhos, à sua maneira e me fazia muito medo de tudo, para que eu
não caísse em tentações da vida, por conta das amizades que eu tinha.
Ela preferia
acreditar no que os outros diziam do que confiar em mim; muitas vezes
entrávamos em conflito, por conta da nossa divergência de ideias; desses medos
dela que depois eu absorvi com o tempo, mesmo sendo rebelde a maior parte do
tempo, o que não me ajudou muito.
Foram
momentos tensos, divergências de pensamentos, ideias e objetivos, deparando-nos
com situações de conflito. Quando meu pai e minha mãe se foram passei a me
questionar a respeito de várias questões interiores e a me perguntar se tinham
me perdoado pelas minhas atitudes.
Agora
compreendo que não foi por falta de amor que eles, principalmente minha mãe,
agiam daquela forma comigo. Era a sua maneira de amar, com rusticidade, que eu
não entendia. Com o tempo a gente vai desvendando os mistérios da alma.
Que todos possam ter essa compreensão da vida a tempo de redimir-se diante de nós, diante da vida.
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