Hoje acordei
pensando em minha mãe e tinha que falar sobre isso. Dona Antônia, ou Toinha,
como ela gostava de ser chamada, era uma mulher destemida e forte e ai daquele
que cruzasse o seu caminho tentando lhe enganar ou fazer algo para os filhos.
Era uma leoa, uma guerreira.
Talvez esse
pensamento tenha vindo, por conta das séries
que estou vendo no computador e pelos livros que leio, forçada a ficar em casa agora
por conta da pandemia. E ainda bem que tenho esse conforto; diferente de muitas
companheiras trabalhadoras, que não têm a mínima qualidade de vida e por isso
sou grata todos os dias quando acordo e quando vou dormir.
Tive muitos
conflitos com a minha mãe, que hoje avalio poderiam ter sido evitados, muito
mais por mim. Não que eu não gostasse dela e hoje eu a entendo muito mais.
Infelizmente agora é muito tarde. Ela não me queria “amarrada” a ninguém e a
algo que fossem me atrapalhar os estudos.
Queria que eu
trabalhasse e viajasse apenas. Mas viajar e trabalhar faziam parte também dos
meus sonhos. Mas eu não queria só isso: queria muito mais. Queria além da liberdade, ter alguém do meu
lado que pensasse como eu, que dividisse minhas angústias, propusesse um mundo
diferente, com mais igualdade. Mais justo e mais fraterno.
Infelizmente,
o mundo não é um conto de fadas e muito diferente dos sonhos quiméricos da
juventude, a gente vai aprendendo a duras penas que cada um tem que ter suas
próprias experiências, para se fortalecer e criar sua própria personalidade. E
era isso que dona Antônia não me entendia: não queria que eu vivesse aquelas
experiências, para não passar pelas dificuldades que ela passou.
Numa das
suas sérias enfermidades, quando tive que trancar um período da faculdade para
cuidar dela, disse que preferia ter uma filha analfabeta que se dedicasse mais
a cuidar dela. E aquilo ficou na minha memória. Quando via novelas e programas ela
dizia que felizes eram aquelas pessoas que apareciam na tV, que não tinham
motivo para se preocupar com a vida. E eu me perguntava: será que ela estava
certa?
São
pensamentos que me veem hoje, nessa manhã
chuvosa de Domingo de Ramos, quando na min há infância em União dos
Palmares, íamos com meus pais à Igreja rezar, rituais que eu não entendia muito
bem e que hoje em dia me estão distantes. Bom dia.
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