Olívia de Cássia Cerqueira
Na próxima segunda-feira é o dia 8 de maço, Dia Internacional
das Mulher. Em outros tempos estaríamos nas ruas celebrando uma data tão bonita
e protestando contra a violência cometida contra o extrato feminino, que
aumenta ao longo de décadas.
Uma data que foi institucionalizada depois de muitas lutas,
sofrimentos e mortes de mulheres trabalhadoras e que deveria ser comemorada por
todos nós que lutamos por liberdade, por uma sociedade mais justa, mais
fraterna e por dias melhores.
Já foi dito e comprovado que a violência contra a mulher, crianças
e adolescentes, na maioria das vezes, acontece dentro da própria casa, cometida
pelos companheiros, familiares e até pelos pais. Ainda hoje tem muito assassino
impune pelas ruas ou escondidos em becos
e fazendas de nosso Estado e isso precisa acabar.
A Lei Maria da Penha foi sancionada pelo ex-presidente Lula em
2013 e é uma homenagem justa a essa mulher que deu o nome à lei e que só
conseguiu justiça por ter ficado paraplégica depois de um tiro que levou do
marido, quando conseguir escrever um livro contando sua própria história.
O ex-marido de Maria da Penha negou que tivesse sido ele o
autor do disparo, foi condenado à prisão por dez anos, mas só cumpriu dois
deles. Inconformada com a atitude do juiz que deu liberdade a seu agressor, ela
começou uma luta incansável que foi terminar no Congresso Nacional e que
culminou com a aprovação da lei que tem o seu nome.
No dia 3 de março de 2015 foi aprovado o projeto de lei do
Senado que classificou o feminicídio como crime hediondo e o incluiu como
homicídio qualificado. O texto modificou o Código Penal para incluir o crime -
assassinato de mulher por razões de gênero - entre os tipos de homicídio
qualificado.
A aprovação da proposta foi um avanço para os movimentos
sociais femininos e segundo o que foi publicado, a matéria estabelece que
“existem razões de gênero quando o crime envolver violência doméstica e
familiar, ou menosprezo e discriminação contra a condição de mulher”. O projeto
foi elaborado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Violência
contra a Mulher.
Mas infelizmente, nem todas as mulheres têm a comemorar nessa
data, pois a violência contra a mulher é um problema que precisa ser enfrentado,
denunciando-se e combatendo a cada dia.
Nem a Lei Maria da Penha e nem O texto que modificou o Código
Penal, tão pouco as denúncias têm surtido efeito na diminuição da violência cometida
contra a mulheres, cotidianamente.
Os atrasos nas políticas públicas e inversão de valores que
estamos vendo na política desde 2016, só aumenta o estímulo de trogloditas
acharem que corpo de mulher é capitania hereditária. Não podemos nos calar diante de todo esse horror, diante do caos.
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