Por Olívia de Cássia
Quero
chorar, mas as lágrimas que antes jorravam com facilidade, já não me chegam
assim. Tem horas que me sinto feito um zumbi, andando cambaleando, entre um
desequilíbrio, uma queda e a falta de firmeza nas pernas.
Entre
contradições; dores, perdas e experiências a gente vai seguindo em frente,
tentando ser forte e acreditando que ainda posso ser eu. Antes, me bastava 'uma
cara feia' e já estava eu a chorando, não precisava de muito esforço.
A vida
endureceu um pouco meu coração que já foi por demais magoado: muita experiência
adquiri. A ataxia tira a sensibilidade da gente e nos torna mais céticos diante
de fatos.
Não quero me
tornar uma pessoa fria que não se emocione com uma bela paisagem, uma bonita
história de amor ou uma amizade sincera.
Não devemos
fazer julgamentos e nem juízo de valor a respeito de quem quer que seja, muitas
vezes sejamos tentados a isso.
Quando me
deparo com alguém muito rígido, frio e que aparenta não ter sensibilidade, me
ponho a analisar com meus botões, o que tornou aquela pessoa tão insensível.
Não sou
psicóloga, mas as experiências adquiridas que chegam com a maturidade, vai nos
guiando e levando a entender algumas nuances que se apresentam no cotidiano.
Amanheci pensativa com minhas dores físicas.
Quando me
percebo ansiosa e inquieta, o jeito é colocar pra fora todo esse turbilhão de
sentimentos que afloram, porque não adianta sair por aí falando pois nem mundo
tem capacidade de mensurar esses sentimentos meus ou é obrigado a ficar ouvindo
isso.
Não abro mão
da simplicidade, da humildade, sem querer ser coitadinha ou inspirar dó seja lá
de quem for. Dizem que algumas coisas simplesmente são, e não se pode querer
mudá-las ou mesmo compreendê-las.
É assim que
têm sido meus dias; não adianta me revoltar com a minha 'sorte', 'herança
maldita', ou seja lá que nome eu vou dar às minhas limitações e impedimentos
que chegaram com a falta de saúde. Não é fácil, mas não vou cair na cilada de
ficar pensando o que está por vir; se é pior ou não do que o agora.
Gosto de
estar com pessoas que me fazem bem. Pessoas positivas que me trazem um alento.
Gente que gosta de cultura e de coisas boas. Infelizmente eu não posso dispor a
toda hora da companhia de amigos assim e então corro para o teclado para
descarregar todo esse sentimento que nem todos entendem.
Hoje em dia
não é fácil falar de sentimentos; de ética e de boa conduta: parece que as
pessoas foram contaminadas pela usura, materialidade e desamor. Tem horas que
queria um colo para deitar e chamar de meu. Receber uns afagos e cafunés, como
aqueles que a gente recebe da avó ou de pessoas queridas.
Mais um dia,
cada dia é um dia, graças a Deus, peço alívio das tensões e
tenho que me contentar, ou pelo menos tentar aceitar o que vai chegando e o que
me resta: ver a luz do dia; poder levantar, passear, se não fosse a pandemia
maldita, articular as palavras e ainda ter lucidez.
Que alcancemos um mundo melhor e mais justo. Viva a liberdade e fora Bolsonaro. Bom dia.
Um comentário:
Bom dia!!
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