Por Olívia de Cássia
O tempo voou
para nós e para alguns com mais dureza. Em época de Natal e ano-Novo, em União
dos Palmares, depois de passados as comemorações, a Festa da Padroeira era
tempo de a gente já pensar no Carnaval. Aula mesmo, só depois dos festejos de
Momo. Temos de muitos encontros.
A cidade se
enchia de amigos, familiares e visitantes e tudo era motivo de festa para nós,
que apesar de não termos muitas opções como os jovens de hoje em dia, nos
divertíamos muito. Cada idade tem a sua época e posso dizer que apesar dos
problemas, eu fui e sou feliz.
Tive o
privilégio de fazer amizade com várias gerações na minha cidade natal. Nunca
fui CDF, mas não deixava de estudar por conta das brincadeiras e saídas no fim
de semana. Sonhava com outro mundo.
Eu sabia que
minha seara não era fazer cursos que exigiam tanto de mim, como Medicina,
Direito ou Engenharia, como defendia minha mãe. A área de humanas sempre foi
meu forte, coisa que minha mãe dizia, não dava dinheiro.
E ela estava
adivinhando, na sua simplicidade de mulher do campo, as dificuldades são
muitas; mas não teve jeito. Nunca fui afinada com a área de exatas e fui fazer
jornalismo, para desespero dela.
Matemática
para mim sempre foi um bicho papão, principalmente depois da surra que levei
dela quando fazia o ensino primário, por ter tirado nota vermelha na matéria.
Nunca aprendi nada, que desse para ir muito longe nessa área específica.
Meu lado era
de sonhos, leituras, poesias, amizades, músicas e viagens que nunca fiz e
ficava sonhando embalada na vivência dos meus amigos viajantes. Um lado mais
suave da vida, que sempre tive afinidade.
O tempo
passou; União já não é mais a mesma cidade faz muito tempo. Os amigos, a
maioria se foi. Alguns para a eternidade e outros que ainda tenho a chance de
encontrar vez ou outra, me fazendo relembrar da nossa juventude.
Os valores
da gente de hoje já não são mais os mesmos que fomos criados. A gente não
percebe as mudanças que acontecem dentro de nós. E quando menos esperamos,
acontece uma transformação, sem que tenhamos noção de como tudo se deu.
Mudamos de
repente, como se algo tivesse acontecido, uma revolução interior, que muitas
vezes não sabemos explicar. Você amadurece com o sofrimento, com experiências e
as vivências…Isso é maturidade.
A menina que
existia em mim não morreu, mas foi se amoldando ao tempo; aprendeu a conviver
com as complicações que vão surgindo. Quando falta a saúde, tudo o mais se
descontrola, mas a gente tenta administrar o que a gente não pode mudar. O
tempo passou e eu nem percebi.
(Texto publicado no blog do site tribunahoje.com, em 13 de fevereiro de 2017, com alguns ajustes)
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