Sinto-me
travada para escrever, depois da acomodação da aposentadoria e muito mais com
essa pandemia que assola o mundo. De
repente, como aquela planta que se fecha quando tocada, me vejo assim, sem
coragem para enfrentar a página em branco do caderno ou no computador e contar
ao vento o que estou sentindo ou pensando, a não ser postagens e opiniões pessoais
nas redes sociais.
São muitos
temas que me causam indignação ou insatisfação na atual conjuntura (o Brasil é
rico em situações assim na área política e social), que de repente, a vontade
de colocar para fora algum sentimento, me veio à tona há alguns dias.
Preciso falar
de um desgoverno fascista, incompetente à violência que se espalha no mundo,
também incentivada por esse retrocesso cultural, social e econômico, não só no
País.
É como se os
fatos negativos da política tivessem me paralisado, diante de tantos fatos
atípicos, para não falar em negatividade, não gosto dessa palavra.
Tento ser
otimista, apesar de tudo. Mesmo que tenha o pé atrás, como disse o presidente
Lula: “não vejo saída quem não seja por meio da política”, feliz ou infelizmente.
Apesar de
acompanhar um pouco as pautas, tem horas que me ponho abusada, diante de tanta
negociata, falação e hipocrisia. A política que se pratica é diferente daquela
ciência bonita.
Revolto-me. Revejo algumas reflexões, em época de
isolamento social, volto-me para as leituras, palavras cruzadas, filmes na
Netflix, procuro preencher meu tempo, para não decair de vez. Não posso
permitir que a Ataxia me vença, embora tenha dias que quase não consigo
levantar para fazer minhas tarefas diárias.
Me inquieto
com ações dos que estão no poder, de sempre transferir suas faltas e ausências,
para não falar na sua incompetência de governar, colocando a culpa nos outros da
oposição.
A luta é
infinda, não para por aqui. Me vejo sem paciência de ver essa monotonia das
pessoas aceitando tudo o que vem lá de cima, de goela abaixo, sem ir para as
ruas, como fazíamos antigamente, há algumas décadas. Hoje já não posso mais,
por motivos de saúde, mas espero uma reação imediata de quem pode.
Da varanda de casa vejo o céu azul, depois de um banho
refrescante, para diminuir o calor que faz em Maceió. Coloco um AP de música no
celular e enquanto vou rabiscando, ainda no caderno, ouço Alanis Morisste. Lá
adiante o trem apita, chegando do curto trajeto, agora por conta do desastre
ocorrido em bairros de Maceió.
Dia de faxina da diarista e fico feito barata tonta dentro de casa, procurando o melhor lugar para ficar, para ler e manter minha privacidade. Mas sei também que logo vou precisar de alguém em casa, diariamente, uma cuidadora, e isso me assusta um pouco, mas enquanto essa situação não chegar, continuarei persistindo. Bom dia.
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