Olívia de Cássia Cerqueira
Não era para
ser assim, não foi dessa forma que aquela adolescente que fui desejou. Queria mudar
o mundo, como muitos adolescentes sonhadores daquele tempo.
Eu queria ter sido uma excelente profissional, uma pessoa
melhor e uma escritora de bons textos: simples assim. Mas as limitações foram
chegando no corpo e na mente. Fui ficando mais atrapalhada, descoordenada.
Tem dias que não consigo escrever uma linha sequer, nem manualmente,
como fazia antigamente, antes de passar para o computador e achava que as
palavras fluíram com mais facilidade. Isso me deixa em uma desarmonia comigo.
E chegaram as limitações: digito “catando milho”, coisa que antigamente
fazia com as duas mãos e com rapidez: fui digitadora em uma gráfica, além de jornalista.
Andava com um caderno e uma caneta. Achava que o que colocava
ali era poesia. O tempo passou, fui para a faculdade e percebi que tudo era
diferente. Aprendi que o mundo era diferente e que nada seria da maneira que pensei.
A aposentadoria chegou: não da forma que eu queria. Para
fazer viagens, conhecer o mundo, escrever por prazer. Literatura requer tempo e
paciência para se pensar, solidão e boas leituras. Mas o que escrevo não é isso.
Bem sei.
Tem gente que não entende minhas angústias e minha forma de
refletir sobre o mundo e suas especificidades.
Da vontade de responder à altura, mas não vale a pena. ‘’Questões que já passaram pela minha mente, prestes a embarcar
em uma jornada de reflexões profundas e intrigantes sobre a angústia
existencial. Então continuo lendo
e procurando descobrir respostas que talvez nem saiba o que procuro.” Bom dia.
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