Depois de um
banho e um cochilo no sofá, pensei novamente em exercitar a mente e escrever
alguma coisa que me fizesse bem, embora aquilo que eu pensei pela manhã tenha
me fugido totalmente; não lembro mais a respeito do que eu queria dizer. Talvez
sejam apenas invenções da minha mente para preencher o espaço. Dei prosseguimento às minhas leituras.
Tem
situações engraçadas na vida que depois de madura é que a gente vai percebendo:
quando somos jovens determinadas coisas têm uma supervalorização; com o tempo a
gente vai percebendo e aprendendo a dar valor ao que realmente importa.
De repente
dá um nó na garganta, um aperto no peito, uma vontade de chorar, mas as
lágrimas não descem. Talvez em protesto porque em outras épocas eu já chorei o
bastante: por sentimentos tão profundos, que já não tenho mais nada para chorar
dentro de mim. Talvez a fonte tenha secado.
São apenas
sentimentos verdadeiros acumulados querendo explodir de alguma forma,
extravasar o cansaço, conversar com um amigo, falar de coisas que às vezes nem
sei dizer o que são, protestar contra as injustiças do mundo ou outra coisa
qualquer.
Todos nós
ficamos ansiosos, às vezes, e essas minhas preocupações, ainda bem, não
interferem na minha capacidade de levar a vida; eu consigo relaxar se ouço uma
boa música, se leio um bom livro, se estou na companhia de gente que me traz
alguma mensagem positiva, de gente do bem.
Mas esses
são sentimentos e emoções que às vezes se fundem num só desejo: o de ser feliz.
Sinto que já não tenho tanto tempo disponível e vem aquela vontade de viver
muito mais, aproveitar a vida de forma que ela seja intensa e positiva.
Mas como vou
viver intensamente se não tenho capacidade nem para administrar a minha vida?
São perguntas que me veem à cabeça, cheia de informações, adrenalina que serve
de combustível para quem vive nesse mundo da comunicação.
E foram
tantos os sonhos da juventude, tanta expectativa gerada, quereres acumulados,
algumas frustrações, mas eu sempre tive a certeza do que eu queria ser e essa
vontade era maior e a vida toda foi assim. Minha profissão sempre estava e
esteve acima até de alguns sentimentos, eu confesso.
Nunca abri
mão desse sonho profissional, embora lá na frente a gente vá percebendo que a
família é muito mais importante que tudo. Mas no andar da minha carruagem eu
não formei a minha própria família e como dizia Machado de Assis, não terei
descendentes diretos.
Às vezes
essa constatação arranha um pouco a minha existência, mas a essa altura da vida
eu não tenho mais tempo para ilações a respeito de como teria sido minha se
fosse de outra maneira.
O jeito é
viver e viver muito mais, tentando ser feliz, afinando e refinando o gosto pela
leitura, diversão e arte, procurando um pouco de qualidade de vida, embora as
dificuldades encontradas sejam muitas, mas na certeza de que as escolhas que
fiz me levaram e me levam aonde eu quero chegar.
E quando
esse pesadelo passar, eu quero e sei o que quero: sonhar, viver e querer o bem
comum. Que tenhamos daqui para frente um mundo melhor e mais justo; que
saibamos escolher sempre o melhor para nós e que a gente perceba que o nosso
conceito de verdade não é absoluto, pois existem muitas versões para os mesmos
fatos.
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