Por Olívia de Cássia
Prestes a realizar um sonho de adolescente – a publicação do meu primeiro livro, no próxima dia 3 de agosto – ainda não me caiu a ficha de como será o dia do lançamento de Mosaicos do Tempo. Não é uma obra grandiosa não, não deu para imprimir tiragem volumosa, mas quero deixar para os meus sobrinhos netos e a quem se interessar pelo tema, um pouco do que vivi ao longo dos meus carregados anos.
Agradeço aos amigos Ana Cláudia Laurindo, cientista social, escritora e educadora, e a Odilon Rios, jornalista e escritor, a ideia da campanha coletiva de financiamento para publicação do livro, sem a qual eu não teria conseguido o intento.
Agradeço também a todos que colaboraram financeiramente e com pensamentos positivos e orações, para me ver realizando esse sonho antigo. Torcendo para que a Ataxia não leve logo o que tenho de melhor. Estou lutando por isso; não vou me deixar abater assim tão fácil, mesmo sendo uma luta infinda.
Escrever Mosaicos do Tempo, em 2004, ainda me recuperando de uma depressão, foi libertador de todos os meus medos e traumas, de todos os meus demônios internos. De lá para cá, sem conseguir publicar por falta de recursos, fiz várias intervenções nos meus escritos. Cortei e ou acrescentei outras situações e fui moldando com o tempo.
A descoberta de que sou portadora de doença neurodegenerativa genética, sem cura, ainda preocupa minha mente, já cansada pelos anos, mas não é motivo para que eu me desespere ou desista de viver. Seja lá o que Deus quiser. Abordo um pouco no meu livro a saga da minha família, castigada pela Ataxia, doença só diagnosticada há pouco tempo.
Só peço clemência para que Deus não me castigue com terminar meus dias inválida. É sempre o que respondo quando me indagam se tenho medo da morte. Morrer todos irão um dia e é um grande mistério que ainda não nos cabe revelar.
É claro que eu gostaria de terminar meus dias com conforto e qualidade de vida, muitas viagens, conhecer pessoas, novas paisagens e aproveitar o que a vida tem de melhor, mesmo que agora eu tenha que me adaptar a uma nova situação.
Não dá mais para eu sair sozinha para a praia, nos fins de semana, como eu fazia antes. Tenho impedimentos que me limitam, mas que me levam a outras aprendizagens e amadurecimento, não sou mais aquela adolescente cheia de utopias, embora alguns sonhos ainda me acalentem a alma.
Vivo meus dias com esperança e fé; tentando diminuir o peso do que virá pela frente e buscando não pensar nesse futuro de incertezas. Se for pensar muito nisso, tudo é incerto não só para mim. “Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro”, como diria Fernando Pessoa. Que venham muitos anos de paz e harmonia.
domingo, 15 de julho de 2018
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