quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Até quando não sei
Por Olívia de Cássia
Os dias vão passando e vou seguindo tentando administrar situações difíceis: ora econômicas, outras de logística, de deslocamento, de rotina doméstica. E assim as horas vão passando, entre uma tragédia ou outra, que é noticiada.
Até quando vamos ver a impunidade vencendo, mesmo diante da grita do povo, com a aprovação dessa PEC do inferno ontem. Foi mais um tempero do golpe que se estabeleceu no país nos últimos meses.
Por outro lado, eu me recuso a ficar de cara o dia todo na televisão, vendo tanta desgraça explorada até o último bagaço, como dizia minha mãe. E quanto mais eles espremem, mais acham. Cenas chocantes e amarguradas que só o sensacionalismo sabe como fazer.
O Brasil vai afundando cada dia mais, entre uma corrupção e outra e me ponho a perguntar, se terá fim esse pesadelo, ou se ainda há maneiras de o país se reinventar e seguir os rumos da própria história.
Foram muitos os golpes nas terras tupiniquins, desde a implantação da República. Segundo Roberto Amaral, em artigo na revista eletrônica Carta Capital, nossa história é farta em exemplos de golpes de Estado, desde o Primeiro Reinado, mas nem todos podem ser classificados como ilegais, exatamente por terem sido operados dentro da ‘ordem’ e, portanto, sem violência e sem determinarem rupturas constitucionais.
Contam os historiadores que desde a sua origem, a elite brasileira sempre procurou controlar o essencial do poder regional e viver em situação subordinada com as elites estrangeiras, desconsiderando as necessidades essenciais da população pobre.
“No período da monarquia, eclodiram movimentos liberais, federalistas e separatistas (Balaiada; Cabanagem; Revolta Farroupilha, etc.). Esses movimentos foram traídos no seu nascedouro pelas elites regionais, temendo a adesão dos pobres e dos trabalhadores escravizados”.
Nossa história é muito rica em fatos que comprovam o quanto somos tão vulneráveis aos golpes. Na atual conjuntura, esse governo ilegítimo agoniza entre medidas atrasadas, retrógradas e retirando todos os direitos que foram conquistados pelos trabalhadores e movimentos sociais ao longo dos anos.
O mundo deu uma guinada e o Brasil, fazendo parte do mesmo contexto, voltou ao passado, em se tratando de garantias de direitos. Eles estão sendo tirados, menos dos bem aquinhoados.
E nessa aquarela de cores confusas e turvas vamos seguindo: ora ainda chocados, ora perplexos. Não posso ficar muda diante de tanta coisa que não concordo e que sempre lutei contra.
Podem me chamar de louca, mas o que seria do mundo desenvolvido se não fossem os loucos¿ Karl Marx disse que a função da imprensa é ser o cão-de-guarda, o denunciador incansável dos opressores.
Mas o que observamos no cotidiano é uma imprensa vendida, reacionária e do lado do opressor. “O dever da imprensa é tomar a palavra em favor dos oprimidos a sua volta. [...] O primeiro dever da imprensa é minar todas as bases do sistema político existente", disse ele.
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